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Pouco mudou em dez anos de paz na Serra Leoa sublinha a imprensa alemã

16 de novembro de 2012

As eleições gerais de 17 de Novembro na Serra Leoa, os avanços e recuos na intervenção internacional no Mali e o crescimento económico em África mereceram a atenção da imprensa alemã esta semana.

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PresseschauFoto: Fotolia

Em dez anos de paz pouco parece ter-se alterado na Serra Leoa nota o diário Die Tageszeitung que publica uma longa reportagem em Kroo Bay, um dos piores bairros de lata da Serra Leoa e um dos 27 existentes na capital Freetown.

A estação das chuvas transformou Kroo Bay numa cloaca mal cheirosa e trouxe consigo a cólera. "Aconselhar a população a beber água engarrafada parece muito simples", escreve o Die Tageszeitung, "mas para muitos serra-leoneses esse é um luxo inacessível". O rendimento médio no país equivale a 700 euros por ano."Portanto não sobra nada para comprar água" prossegue o jornal., "nem para usar uma casa de banho pública". Existe uma para duas mil pessoas em Kroo Bay. A sua utilização custa 500 leones, cerca de nove cêntimos de euro. Mas não há filas à porta. Com a ajuda de doadores internacionais o governo da Serra Leoa garante tratamento gratuito a doentes com cólera, porém "uma vez passada a urgência, nada foi feito para  prevenir um ressurgimento a longo prazo".

A Serra Leoa prepara-se para as eleições gerais (presidenciais, legislativas, municipais e regionais), de sábado 17 de Novembro, consideradas cruciais para a consolidação da democracia, dez anos após uma guerra civil (1991-2002), que causou 120 mil mortos.

Desenha-se intervenção no deserto maliano

Mais a norte os contornos de uma intervenção no norte do Mali começam a ser mais claros. " Primeiro as palavras, depois as armas", titula o Süddeutsche Zeitung. Esta é a linha adoptada pela CEDEAO na sua última cimeira em Abuja, na Nigéria. O jornal noticia também o encontro, em Paris,  dos Ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Espanha, França, Itália e Polónia para debater a participação europeu na intervenção no Mali.

Milícias islamitas Ansar Dine no Mali
Milícias islamitas Ansar Dine no MaliFoto: Romaric Hien/AFP/GettyImages

O envolvimento europeu será ao nível do treino e preparação da missão das tropas da CEDEAO e deverá mobilizar 200 a 400 militares europeus, que irão preparar os cerca de três mil efetivos africanos que terão como objetivo derrotar as milícias islamitas presentes no norte do Mali desde a primeira metade do ano.Mas a ideia de um envolvimento direto de alguns Estados da União Europeia nos próprios combates não é uma opção totalmente afastada. Para o Franfurter Allgemeine Zeitung "o envio de instrutores europeus para formar o exercito maliano constitui uma missão de alto risco". O diário de Frankfurt recorda o envio de tropas europeias, há vinte anos, para a ex-Jugoslávia  com a missão de estabilizar, sem sucesso, a situação.

Um continente em crescimento

Por fim, a impressa alemã destaca ainda o crescimento económico em África. "África é, depois da Ásia, a segunda região do mundo onde a economia cresce com maior vigor", escreve o Financial Times Deutschland. O corolário deste desenvolvimento é o surgimento de um gigantesco mercado de bens de consumo. Por seu turno o Frankfurter Allgemeine Zeitung debruça-se sobre a questão da alimentação dos africanos e nota que "segundo um estudo recente do Banco Mundial, África poderá ser auto-suficiente em termos alimentares, se abolir as barreiras comerciais entre Estados e abrir os seus mercados a uma maior concorrência".

Insegurança alimentar em África pode ser resolvida se se levantarem barreiras comerciais
Insegurança alimentar em África pode ser resolvida se se levantarem barreiras comerciaisFoto: Fatoumata Diabate/Oxfam

Autora: Helena Ferro de Gouveia
Edição: António Rocha

Pouco mudou em dez anos de paz na Serra Leoa sublinha a imprensa alemã