Porquê o Presidente dos EUA viaja para Benguela?
4 de dezembro de 2024O Presidente dos Estados Unidos viaja esta quarta-feira (04.12) para a província de Benguela. É a última etapa da sua visita a Angola. Na região, Joe Biden terá uma agenda intensa. A sociedade local está expetante.
Em Benguela, a expetativa "é grande" em relação à deslocação de Joe Biden e de outros chefes de Estado à província. É o que diz Jaime Azulay, jurista e jornalista angolano residente na região.
O ambiente em Benguela é diferente. À semelhança de Luanda, o Governo decretou tolerância de ponto para esta quarta-feira (04.12) e há muitas medidas de segurança, que afetam inclusive a circulação rodoviária.
"A circulação rodoviária na estrada nacional número 100, que liga Benguela ao Lobito e que está adjacente ao Aeroporto Internacional da Catumbela, onde aterrarão as aeronaves dos chefes de Estado estrangeiros".
Entre elas, o Air Force One, a aeronave presidencial dos Estados Unidos.
E o que vai fazer Biden a Benguela? O estadista norte-americano vai participar na Conferência Internacional sobre o Corredor do Lobito, como principal investidor do projeto.
"E com a presença dos chefes de Estado de Angola, da Zâmbia, da República Democrática do Congo e da Tanzânia. Joe Biden estará também no terminal mineiro do Porto do Lobito, que é um dos principais vetores do Corredor do Lobito."
O Consórcio Internacional Lobito Atlantic Railway vai responsabilizar-se pela operação, exploração e manutenção do transporte ferroviário de mercadorias durante 30 anos, depois de ganhar o concurso público de concessão.
O que a comunidade espera do Corredor do Lobito?
"Espera-se que, com esse Corredor do Lobito se possa tirar algumas vantagens que permitam que, as autoridades, através das suas políticas públicas, consigam obter melhorias significativas nas condições de vida da própria população", conclui Jaime Azulay.
Mas, para o economista Nataniel Fernandes, são os Estados Unidos quem vai tirar mais vantagens deste projeto.
"Trará maiores benefícios a quem vai pegar os minerais e levar ao Atlântico e depois para as suas terras, onde irão ser transformados, e que depois nós os angolanos vamos ter de comprar ou outros irão comprar", argumenta.
Ainda assim, Nataniel Fernandes admite alguns ganhos com o projeto: "O que Angola vai retirar do Corredor do Lobito para além dos investimentos que serão postos para que essa infraestrutura funcione, se ela estiver a funcionar muito bem trará ganhos para Angola."
Em termos económicos e não só – também de projeção internacional.