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SociedadeUganda

Por que os trabalhadores no Uganda alteram a idade legal?

Isaac Kaledzi | cm
16 de dezembro de 2021

Iniciativa está a sobrecarregar mercado de trabalho para a geração mais nova. Trabalhadores que estão próximos da reforma no setor público chegam a mudar as suas idades para continuar as suas carreiras profissionais.

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Geschäftsmann dunkler Hautfarbe telefoniert
Alguns funcionários públicos ugandeses querem permanecer empregadosFoto: Imago/McPHOTO

Alguns trabalhadores do setor público ugandês próximos da reforma estão a tentar manter-se na folha de pagamentos do Governo - e a tentar mudar a sua idade legal para permanecerem empregados.

Atualmente as leis ugandesas de serviço público exigem que todos os trabalhadores se aposentem aos 60 anos de idade. Mas um número crescente de trabalhadores - especialmente aqueles com ligações a políticos - estão a fazer tudo o que está ao seu alcance para permanecer nos empregos.

Segundo o Ministério da Função Pública, cerca de 1.000 funcionários públicos candidataram-se para mudar a idade de reforma, registada na altura do recrutamento. Alguns já tiveram os seus pedidos negados e estão a procurar outras vias legais.

A opção dos mais velhos acaba tendo efeito na geração mais nova de trabalhadores. Jovens à procura de emprego como Gilbert Ekanya, de 27 anos, estão preocupados que o novo fenómeno torne ainda mais difícil encontrar emprego na sua área.

"Licenciei-me há cerca de seis anos e não consegui um emprego. Sinto-me mal se ouço que alguém que trabalhou 30 ou 40 anos está a fazer isso apenas para [manter] um determinado emprego. Sinto que é um espaço para os jovens", protesta Ekanya.

Uganda Abschlussfeier der Studenten in Kampala
Estudantes recém-formados estão preocupados Foto: Getty Images/AFP/M. Sibiloni

Setores cheios

A taxa de desemprego juvenil do Uganda já é preocupantemente elevada, considerando que constituem mais de 70% da população do país.

O funcionário público Boney Cen Winy concorda que o setor dos serviços públicos está demasiado cheio, mas acredita que a resposta reside no autoemprego.

Winy pondera que, em vez de esperar que os funcionários públicos mais velhos se reformem, as universidades e as instituições estão a lançar formados todos anos e os empregos não estão a expandir-se. "Os jovens deviam adquirir competências profissionais e começar os seus próprios empregos".

Mas alguns jovens ainda não perderam a esperança. Moses Kidega, do Conselho Nacional da Juventude do Uganda, diz que tomará medidas legais contra trabalhadores do Governo que não queiram reformar-se.

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Ameaça à digitalização?

Kidega está preocupado com a estagnação da reforma do sector público se a geração mais jovem não tiver oportunidades.

"O Governo pretende digitalizar cerca de 80% dos seus serviços. Penso que não resultará se as pessoas responsáveis forem as que frequentaram a escola antes das tecnologias da informação", pondera.

A melhoria do acesso digital aos serviços do setor público do Uganda já começou a tomar forma. O Governo lançou no mês passado um sistema automatizado contendo os dados de todos os trabalhadores do setor público, incluindo a idade e a primeira data oficial de emprego.

O sistema foi concebido para mudar automaticamente os trabalhadores com direito à reforma da folha de pagamentos ativa para o sistema de pensões.

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