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Polícia dispersa protesto em Maputo de ex-oficiais das FDS

DW (Deutsche Welle) | Lusa
5 de junho de 2024

A intervenção policial levou à fuga em debandanda de centenas de antigos oficiais das Forças de Defesa em protesto à porta da ONU em Maputo. Jornalistas foram agredidos e a câmara com que filmavam o ocorrido desapareceu.

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Agentes da polícia moçambicana (foto de arquivo)
Agentes da polícia moçambicana (foto de arquivo)Foto: Marcelino Mueia/DW

"Não consigo confirmar se foi feita alguma detenção. Estavam cerca de 200 pessoas que tiveram de fugir em debandada. A polícia usou a força, chegaram sete carrinhas cheias de polícias de todos os tipos e bem armados", contou na noite de terça-feira (04.06) à Lusa Adolfo Samuel, antigo oficial superior da segurança do Estado e porta-voz do protesto que decorria à porta das Nações Unidas, em Maputo.

Os antigos oficiais das Forças de Defesa e Segurança (FDS) iniciaram, a 28 de maio, um protesto e acamparam à porta da ONU para reclamar supostas compensações resultantes do Acordo Geral de Paz, assinado em 1992 e que pôs fim à guerra civil no país.

"Estamos aqui na representação das Nações Unidas porque a nossa desvinculação foi no âmbito do Acordo Geral de Paz, assinado em Roma entre o Governo e a RENAMO, sob a égide das Nações Unidas. Fomos desvinculados com a promessa de sermos compensados, só que, desde lá, nem água vai nem água vem", declarou na altura Adolfo Samuel.

Seguindo o porta-voz, na mesma situação há pelo menos 1.856 antigos oficiais das FDS, de diferentes ramos, sobretudo afetos à secreta moçambicana.

"Por várias vezes contactámos as instituições do Estado, incluindo a Presidência da República, mas todos ignoraram-nos. Então, como as Nações Unidas estiveram a par da nossa desvinculação e brevemente o atual Governo termina o seu mandato, achamos conveniente vir cobrar a dívida que o Governo e as Nações Unidas têm para connosco", acrescentou o líder do grupo.

As Nações Unidas ainda não comentaram o caso dos antigos oficiais, remetendo qualquer posicionamento para o executivo moçambicano.

Moçambique: Liberdade de imprensa em perigo

Jornalistas agredidos

Agentes civis da polícia moçambicana terão também agredido dois jornalistas da STV, estação parceira da DW, e desaparecido com a câmara que alegadamente continha imagens da violência perpetrada por membros da Unidade de Intervenção Rápida contra os antigos oficiais, avançou "O País".

Segundo o diário, a agressão aconteceu quando o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Maputo, Leonel Muchina, dava uma entrevista à STV.

Muchina disse não saber o que aconteceu ao equipamento "e que é provável que tenha sido um furto de desconhecidos, com intenção de manchar o trabalho da Polícia", acrescentou o jornal.

O Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) também denunciou que "agentes da PRM "sequestraram" a jornalista Sheila Wilson, ativista da organização da sociedade civil moçambicana, que cobria a manifestação dos antigos agentes.

Em comunicado divulgado esta quarta-feira (05.06), o CDD exige a "libertação imediata e incondicional" da jornalista, que diz estar "em parte incerta e incomunicável".