Pobreza continua no Zimbabué apesar do crescimento económico
29 de julho de 2013O Zimbabué já teve uma das mais elevadas taxas de inflação do mundo. No início da década de 2000, a inflação atingiu os 500 mil milhões por cento, a economia desmoronou e mais de dois milhões de pessoas fugiram para a vizinha África do Sul, porque não conseguiam sobreviver no seu país.
Em 2011, a economia registou um crescimento real de mais de 9%. Em 2012, o aumento foi de 5%. Um factor essencial para o crescimento foi a subida de preços para o ouro, diamantes e tabaco no mercado mundial. Com menos de 5%, a taxa de inflação é moderada.
A decisão do Governo de eliminar a moeda nacional em 2009 e permitir o pagamento com dólares norte-americanos e rands sul-africanos contribuiu decisivamente para conter a inflação.
No entanto, esta medida não teve apenas efeitos positivos, segundo o analista económico zimbabueano John Robertson. “O Governo já não pode imprimir dinheiro, o que tornou mais difícil operar uma empresa. Ou seja, as empresas que não se afirmam no mercado, desaparecem. Antigamente teriam sobrevivido”, explica. Segundo o especialista, antes era mais fácil fazer negócios com o dólar zimbabueano e atualmente “só as empresas mais eficientes sobrevivem.”
Pobreza continua
Embora o público acredite que a coligação governamental entre ZANU-PF e MDC tenha criado as condições para uma melhoria da conjuntura, muitos zimbabueanos permanecem pobres e 72% vivem abaixo do limiar da pobreza. Para melhorar esta situação, o ZANU-PF do Presidente Mugabe lançou um programa de indigenização, que prevê a apropriação por zimbabueanos de filiais de empresas internacionais no país.
O Governo mantém que se trata da única via para que mais cidadãos beneficiem das riquezas nacionais como o ouro, diamantes e tabaco. A comunidade internacional considera a medida com desconfiança, até porque “nunca se estabeleceu como esses nacionais vão pagar por 51% das participações”, lembra Nginya Mungai Lenneiye, responsável do Banco Mundial para o Zimbabué.
A discussão agora é em torno das participações nas empresas mineiras, que “estão na disposição de vender, mas o Governo quer que distribuam as acções de graça porque estão a extrair minérios do solo nacional”, explica a responsável. Segundo Lenneiye, essa tem sido a grande dificuldade na avaliação do valor do patrimônio, uma vez que “A lei sabotou o clima de negócios.”
À espera das eleições
Analistas e empresários locais aguardam agora para ver quem ganha as eleições presidenciais de 31 de julho, para terem uma ideia de como a economia do país se desenvolverá nos próximos anos.
Cinco candidatos disputam as presidenciais no Zimbabué. Para além do Presidente Robert Mugabe, no poder há 33 anos, o primeiro-ministro, Morgan Tsvangirai, também se apresenta como um candidato promissor. Espera-se que o escrutínio ponha fim ao frágil governo de coligação, formado sob pressão internacional para evitar uma guerra civil.