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ReligiãoMoçambique

Moçambique: Perspetivas desastrosas para liberdade religiosa

Lusa
22 de junho de 2023

O novo relatório sobre liberdade religiosa elaborado pela fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) considera "desastrosas" as perspetivas para Moçambique devido à violência armada em Cabo Delgado, no norte do país.

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Província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada
Foto: Camille Laffont/AFP/Getty Images

"As perspetivas para a liberdade religiosa continuam a ser desastrosas", lê-se no capítulo dedicado a Moçambique, o único país lusófono assinalado no mapa de violações à livre atividade de religiões no relatório de 2023.

"Apesar da reduzida capacidade do Estado Islâmico-Moçambique para efetuar grandes ataques", o grupo extremista "continua operacional e prossegue os seus ataques mortais", o que faz com que a liberdade religiosa esteja "gravemente ameaçada devido à insegurança permanente". Cristãos e muçulmanos são visados, nota o relatório.

A fundação AIS, organização católica, aponta ainda como "motivo de preocupação" o "risco de extensão do Estado Islâmico-Moçambique aos países vizinhos, nomeadamente à Tanzânia".

"Embora os líderes cristãos e muçulmanos continuem a denunciar a violência e a promover o diálogo inter-religioso", o relatório considera que tal "será insuficiente se não forem abordadas as desigualdades sociais e económicas subjacentes que afetam os jovens, especialmente nas regiões mais pobres".

"Isto é especialmente verdade nas províncias do norte, onde as empresas internacionais extraem enormes riquezas de recursos com benefícios mínimos para a economia e populações locais, fomentando um ciclo vicioso de pobreza, frustração e violência", conclui. 

População em fuga no norte de Moçambique

"Ascensão de califados oportunistas"

No sumário executivo, a nível global, a situação de Moçambique é enquadrada num parágrafo intitulado "ascensão de califados oportunistas".

"Gradualmente, passaram da conquista e defesa de territórios fixos para ataques de 'toca e foge' com o objetivo de criar comunidades isoladas em zonas rurais mal defendidas", descreve o documento.

"A violência islamista está presente em toda a África, mas os principais teatros de atividade 'jihadista' estão concentrados no Sahel, na bacia do Lago Chade, na Somália e em Moçambique", acrescenta.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

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