FRELIMO acusa oposição de "amnésia e hipocrisia"
21 de abril de 2022O partido no poder em Moçambique, a FRELIMO, acusou hoje (21.04) a oposição, RENAMO, de "amnésia e hipocrisia" em relação aos "16 anos de guerra de destruição", segundo o partido, que o braço armado da principal força de oposição moveu, responsabilizando essa pelo atraso económico e social do país.
"Sempre que a RENAMO vem a esta casa do povo falar de infraestruturas, sua amnésia se agrava e sua hipocrisia aumenta", disse o deputado Momade Juízo, do partido no poder.
Juízo respondia a uma pergunta da bancada da Renamo ao executivo sobre a escassez de infraestruturas sociais e económicas no país, 47 anos após a independência.
Acusações
O deputado acusou o principal partido da oposição de ser responsável pelo atraso social e económico em que o país se encontra, por ter protagonizado "uma guerra de destruição" durante 16 anos, tempo que durou a guerra civil moçambicana, entre 1976 e 1992.
"Nos 47 anos de independência, devemos, com honestidade, subtrair 16 anos de guerra de destruição de infraestruturas, sabotagens, escolas queimadas, vandalização de hospitais e destruição de pontes, até morte de pessoas inocentes", declarou, numa sessão em que o Governo foi muitas vezes espetador, dada a crispação entre FRELIMO e RENAMO.
Venâncio Mondlane, deputado e relator da bancada do maior partido de oposição, acusou o Governo de ter ignorado as perguntas da oposição, optando por "exibir um sarau de poesia".
"O Governo não respondeu a absolutamente nada, [o que vimos aqui] foi um redondo vazio e evasivas", declarou Mondlane.
"Exposição filosófica"
O deputado da oposição acusou o executivo de apresentar uma "exposição filosófica" sobre a estratégia de restruturação do setor empresarial do Estado, evitando responder a questões sobre a situação financeira e patrimonial das unidades produtivas que controla, os ganhos da alienação de ativos e o destino dos trabalhadores.
Também o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido, acusou o Governo de falhanço na prestação de serviços públicos essenciais, assinalando ainda que o Governo se furtou a responder a questões colocadas pela oposição.
"A razão principal da existência de um governo é a satisfação das necessidades básicas das populações, sendo as mais carentes o foco das políticas públicas e de toda a ação governativa. O que ouvimos, vimos e sentimos é que isto não acontece", afirmou Silvério Ronguane, deputado do MDM.
A Assembleia da República encerrou hoje a sessão de perguntas ao Governo, mas os trabalhos acabaram marcados por confrontos verbais entre os dois principais partidos moçambicanos e discursos laudatórios às respetivas lideranças, com os ministros presentes a limitarem-se, muitas vezes, a assistir à troca de acusações.