PAIGC "cético" quanto à demissão do primeiro-ministro
14 de janeiro de 2018Na Guiné-Bissau, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que venceu as últimas eleições guineenses, mas continua vedado ao poder, está "cético" em relação ao pedido de demissão apresentado pelo primeiro-ministro Umaro Sissoco Embaló, na passada sexta-feira (12.01).
Em entrevista à DW África, numa primeira reação à renúncia do primeiro-ministro, que ainda não foi confirmada pelo Presidente José Mário Vaz, o secretário nacional do PAIGC, Ali Hijazi, afirma que esta não é a primeira vez que Embaló apresenta a sua renuncia.
"Por isso, o PAIGC continua cético em relação a esse pedido de demissão. A mim me parece, segundo informações, é a segunda vez que ele apresenta este pedido, razão pela qual nós estamos um pouco reticentes se o Presidente da República irá, na realidade, cumprir o Acordo de Conacri ou não", disse Hijazi.
Entre as medidas estabelecidas pelo Acordo de Conacri, assinado em outubro de 2016, está a formação de um Governo consensual, cujo primeiro-ministro seria Augusto Olivais. Para o secretário nacional do PAIGC, esta seria a saída para crise política no país.
Vontade política
Entretanto, Ali Hijazi entende que a solução para crise vigente vai depender muito da vontade política do Presidente José Mário Vaz, a quem ele acusa de continuar a promover a instabilidade e insegurança social no país.
"A corrupção hoje em dia é generalizada na Guiné-Bissau dada à persistência da crise política sustentada por José Mário Vaz há mais de dois anos", frisou.
Mesmo sem reações da Presidência, que confirmou estar analisando o pedido de demissão do primeiro-ministro, a renúncia de Umaro Sissoco Embaló começa a suscitar movimentações políticas na capital guineense.
No sábado, houve uma reunião entre o Partido da Renovação Social (PRS), formação que suporta o atual Governo, e o grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC.
A expetativa dos guineenses é que, nos próximos dias, uma decisão do Presidente José Mário Vaz poderá pôr termo à crise política vivida no país.