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Padre cirurgião salva vidas em Moçambique há 40 anos

Marcelino Mueia (Quelimane) / mrb5 de novembro de 2015

Aldo Marchesini chegou a Moçambique há 41 anos e foi o primeiro médico a tratar fístulas obstétricas no país. O cirurgião italiano procura agora transmitir os seus conhecimentos a jovens médicos na província da Zambézia.

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Mosambik Praxis Aldo Marchesini
Foto: DW/M. Mueia

O padre Aldo Marchesini é um missionário dehoniano oriundo do norte de Itália. O cirurgião chegou a Moçambique em 1974, no período da transição pós-colonial. Mas antes de partir para aquele país africano, o médico esteve em Lisboa para estudar Português e Medicina Tropical.

Durante os tempos de guerra civil em Moçambique, o país não tinha médicos capazes de responder às necessidades por causa do conflito armado. Não havia muitos enfermeiros e poucos moçambicanos tinham formação na área da saúde. O médico preferiu permanecer junto com as populações e, por diversas vezes, foi raptado e levado prisioneiro.

Mosambik Praxis Aldo Marchesini
Aldo Marchesini com uma das suas assistentesFoto: DW/M. Mueia

Por isso, os desafios de trabalhar como médico-cirurgião eram enormes. Marchesini instalou-se na Zambézia em 1981. Andou por várias províncias do centro e do norte do país sempre com a missão de salvar vidas.

Foi o primeiro a tratar fístulas obstétricas em Moçambique

Nos últimos dez anos, o sacerdote diz ter ficado sensibilizado com as doenças do parto. Foi o primeiro médico em Moçambique a tratar e a curar fístulas obstétricas, um problema resultante de complicações no parto, que afeta principalmente adolescentes e jovens. "Esta doença da fistula obstétrica tem sido negligenciada no passado porque ninguém a operava", refere o cirurgião. "Desde muito jovem que aprendi a fazer esta operação então pratiquei-a bastante aqui na Zambézia e na província de Tete onde trabalhei. Ninguém fazia esta operação em Moçambique."

Por causa deste problema, muitas mulheres são alvo de discriminação, "ficando afastadas e marcadas para toda vida", sublinha o médico. "Muitas acomodavam-se e passavam a viver com o problema".

Na província da Zambézia, muitos cidadãos elogiam a "maneira incomparável" como o padre e cirurgião trata os doentes. A assistente Geralda Cassimo Sotomane integra uma equipa de quatro médicos, chefiada por Marchesini, que se dedica ao tratamento de fístulas obstétricas no Hospital Provincial de Quelimane, na Zambézia. Diz que vê o cirurgião italiano como um pai. "Trabalhar com o doutor Marchesini é como trabalhar com um pai pelo seu profissionalismo. Não há dinheiro que pague o seu trabalho e a sua dedicação", sublinha Geralda Sotomane.

Mosambik Praxis Aldo Marchesini Geralda Sotomane
Geralda Sotomane, médica assistenteFoto: DW/M. Mueia

Ficou doente ao salvar uma vida

Aldo Marchesini é seropositivo. Contraiu a doença durante a operação a uma mulher seropositiva que estava a dar à luz, contou numa entrevista publicada no site da Ordem dos Padres Dehonianos, à qual pertence.

Nos dias que correm, a principal paixão do médico missionário é transmitir aos mais jovens os seus conhecimentos de cirurgia. Marchesini lamenta o desinteresse demonstrado por alguns médicos recém-formados e lembra que é preciso "encorajar os médicos especialistas de cirurgia geral, urologia e ginecologia a sentir interesse para esta operação. Nenhum dos especialistas quer participar nesta campanha, não demonstram interesse."

Em 2014, Aldo Marchesini foi distinguido com o prémio "World Population Award" atribuído pelas Nações Unidas pelo seu empenho em melhorar as condições de saúde das populações.

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