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Oposição saúda condenação de Chang nos EUA, mas pede mais

bd | gcs | com agências
9 de agosto de 2024

Partidos da oposição parlamentar em Moçambique congratulam a condenação do ex-ministro das Finanças, Manuel Chang, no caso das dívidas ocultas. Mas querem saber "quem foram os mandantes" do esquema de corrupção.

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Ex-ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang
Foto: DW/M. Maluleque

Manuel Chang foi considerado culpado, nos EUA, de conspirar para cometer fraude eletrónica e lavagem de dinheiro no âmbito de um "esquema fraudulento" que lesou não só o Estado moçambicano, como também investidores norte-americanos.

Para o maior partido da oposição em Moçambique, a condenação do ex-ministro nos EUA é uma "reposição da Justiça" – só é pena que o julgamento de Chang tenha sido fora do país, comenta José Manteigas em nome da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

"Sempre dissemos que era preciso responsabilizar os concidadãos que puseram Moçambique numa posição tão dramática quanto essa, com o rombo financeiro que houve dentro do país", afirmou Manteigas em declarações à DW.

José Manteigas, político da RENAMO
José Manteigas: "Era expectável que a Justiça moçambicana tivesse feito o devido julgamento"Foto: Amós Fernando/DW

O escândalo das dívidas ocultas – relativas a um suposto projeto de defesa marítima – terá lesado o Estado moçambicano em mais de dois mil milhões de dólares. Chang teria assinado as garantias soberanas que permitiram contrair as dívidas.

"Era expectável que a Justiça moçambicana tivesse feito o devido julgamento a nível interno", continua Manteigas, "mas tivemos de resolver esse 'problema' a partir do exterior."

As expetativas da oposição

O político da RENAMO diz que a expetativa do partido é que todo o dinheiro seja devolvido ao Estado moçambicano: "Mais do que uma condenação, o mais importante é repor os danos provocados com este rombo financeiro".

Além disso, Manteigas salienta que a RENAMO quer "ver responsabilizados todos aqueles que continuam impunes. Porque há processos que estão a correr fora do país, envolvendo altas entidades moçambicanas".

Em Londres, o grupo naval Privinvest, envolvido no escândalo, disse que tenciona processar o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, quando este perder a imunidade diplomática, em janeiro. Na altura em que as dívidas foram contraídas, Nyusi era ministro da Defesa.

Lutero Simango, líder do MDM
Lutero Simango: "Era de esperar que, cedo ou tarde, [Manuel Chang] seria condenado. Agora, resta saber se, de facto, toda esta engenharia financeira só foi praticada por ele"Foto: Luciano Conceicao/DW

Responsabilizar "os mandantes"

Lutero Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, a terceira maior força política do país), concorda com a RENAMO quanto à responsabilização de todos os possíveis envolvidos.

"Era de esperar que, cedo ou tarde, [Manuel Chang] seria condenado. Agora, resta saber se, de facto, toda esta engenharia financeira só foi praticada por ele ou se havia outras pessoas envolvidas nesta operação que defraudou o Estado moçambicano."

Para completar o processo, e para que a justiça seja totalmente feita, seria necessário levar a tribunal todas "as pessoas envolvidas nesta operação financeira e [saber] quem foi o mandante", afirmou Simango à DW.

A DW tentou, sem sucesso, obter uma reação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder.