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Oposição moçambicana saúda prorrogação da missão da SAMIM

19 de agosto de 2022

RENAMO e MDM saúdam a prorrogação da missão da força militar da SADC de combate ao terrorismo no norte de Moçambique, mas questionam: "Até quando vamos ter as nossas forças incapazes de conter essas incursões?"

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Foto: DW

O combate ao terrorismo está longe do fim, e os partidos da oposição em Moçambique concordam com a prorrogação da missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), anunciada esta semana no final da cimeira que reuniu os chefes de Estado e de governo regionais em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo.

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) dizem que a prorrogação da missão militar da SADC para combater o terrorismo em Cabo Delgado mostra que a guerra ainda está longe do fim, apesar de alguns avanços. Ainda assim a oposição congratula-se com a continuidade da missão e recomenda ao Governo que tente evitar que o terrorismo se alastre aos centros urbanos.

As recomendações saídas da cimeira da SADC não indicam o prazo da prorrogação.

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"A guerra está longe do fim"

O porta-voz da RENAMO, José Manteigas, diz que a missão que combate o terrorismo é importante para devolver a segurança em Cabo Delgado. "Enquanto a tranquilidade não se verificar no nosso país, é importante que as Forças de Defesa e Segurança e as forças estrangerias continuem a dar o seu melhor", apela o político do maior partido da oposição.

Ismael Nhancucue, deputado do MDM, defende que a missão da SADC deve agora evitar o alastramento do terrorismo aos centros urbanos.

"A guerra está longe do fim", afirma Nhancucue. "O que se está a fazer é garantir que os terroristas não cheguem rapidamente aos grandes centros urbanos."

Mosambik Pemba | Offiziele Veranstaltung Militär
Partidos da oposição saúdam prolongamento da missão da SADC, mas alertam para a necessidade das forças moçambicanas combaterem, por si próprias, os insurgentesFoto: DW

O analista do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD) adverte, no entanto, que, um dia, as missões estrangeiras vão deixar o país e tudo ficará nas mãos do Exército moçambicano. "Até quando vamos ter as nossas forças incapazes de conter, por si só, essas incursões?", questiona Dércio Alfazema.

"É insustentável pensar que vamos ter a SADC e o Ruanda para o resto da vida. Um dia, estas forças vão ter que se retirar."

A pesada fatura da guerra

No âmbito da luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, a União Europeia anunciou um apoio financeiro de 15,3 milhões de euros.

Para o porta-voz da RENAMO, o José Manteigas, o combate ao terrorismo no norte de Moçambique precisa de "outros apoios", pois Moçambique não tem capacidade para agir sozinho. Já o deputado do MDM, Ismael Nhcancucue, defende que o país deve estar aberto a ajudas para capacitar as Forças de Defesa e Segurança.

Nhcancucue considera igualmente importante que o Governo "se antecipe aos problemas no sentido de criar condições para prevenir e não mitigar" cenários do género.

Dércio Alfazema, analista do IMD, lembra que, um dia, o país terá de pagar a fatura pelos altos custos do conflito. "Em diplomacia sempre se diz que 'não há almoços grátis'. Agora, a questão é como e quando será cobrada a fatura", afirma.

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