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O que atrai e afasta os investidores de Angola?

Correia da Silva, Guilherme19 de agosto de 2013

Angola quer agora voltar às taxas de crescimento de dois dígitos de há quatro anos. A perspetiva aguça o apetite de muitos empresários estrangeiros, apesar dos obstáculos aos investimentos externos no país.

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A abundância de matérias-primas, a necessidade de mais infraestruturas e o crescimento económico exponencial são três atrativos que levam muitos investidores estrangeiros a procurar Angola.

Há, por exemplo, cada vez mais empresários alemães a pedir informações sobre o mercado angolano, diz Christoph Kannengießer, da associação Afrika-Verein, um organismo composto por empresas alemãs com negócios em África. "Os empresários estão, por exemplo, interessados nos setores da engenharia elétrica, das tecnologias de informação, da medicina e da construção", refere.

Markus Weimer, analista sobre temas africanos na consultora Control Risks, salienta que Angola ainda é um país a emergir, depois de muitos anos de guerra.

"Angola ainda tem muitas deficiências em termos de infraestruturas, de construções. É um país grande, relativamente rico em termos de Produto Interno Bruto (PIB). É um país com muito potencial para os investidores."

Crescimento dependente do petróleo

As oportunidades em Angola estão dependentes da produção de petróleo, o que aos olhos de Markus Weimer se trata de um "risco", porque coloca o país numa posição de subordinação face aos preços internacionais da matéria-prima e das consequentes flutuações de mercado.

Exemplo disso foi a crise económica mundial, que fez cair os preços do petróleo em todo o mundo. Angola, que durante quatro anos consecutivos teve taxas de crescimento de dois dígitos, ressentiu-se entre 2009 e 2011.

Agora, a economia parece estar a recuperar lentamente. No ano passado, o PIB angolano cresceu 8,4%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Nos próximos anos, o crescimento deverá manter-se acima dos 6%, estima o mesmo organismo.

Entretanto, em 2012, Angola voltou a ter má nota na lista da organização Transparência Internacional sobre perceção da corrupção. Ficou no lugar 157 num conjunto de 176 países, uma posição que pode comprometer o investimento externo, alerta Markus Weimer.

"Quando se faz uma parceria com uma empresa angolana, não é muito fácil encontrar os documentos no ramo público para fazer o 'due dilligence', como se deve fazer", explica o analista. "Esses são desafios para os investidores internacionais, mas acho que com o investimento de tempo e recursos e também com bom aconselhamento se pode fazer negócios em Angola sem correr o risco de corrupção", acrescenta.

Um milhão para entrar em Angola

Há outros fatores que podem levar os empresários a desistir de investir em Angola. Um investidor estrangeiro, por exemplo, precisa de, no mínimo, um milhão de dólares para constituir uma empresa no país, uma norma que pode ser um entrave para pequenos e médios empresários.

O clima de negócios em Angola não é dos mais agradáveis, segundo um ranking do Banco Mundial deste ano. Angola ficou na posição 172, num total de 185 países no lista "Doing Business".

"Tem que se investir muito tempo para criar parcerias, para entrar no mercado. Luanda é uma cidade muito cara, Angola é um país muito caro", recorda Markus Weimer.

"Outro desafio muito grande para Angola e também para os investidores é a falta de mão de obra qualificada. Os investidores têm de investir nesta área da educação e formação, o que também aumenta os custos", indica.

Mas nem sempre isso é um problema. "A situação em Angola é complicada no que diz respeito à burocracia, à corrupção e à regulação. Mas, perante o enorme potencial do mercado angolano, notamos que há uma crescente estabilidade e que cada vez mais empresas estão preparadas para enfrentar os desafios no país", conclui Christoph Kannengießer, diretor da associação Afrika-Verein.