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"O PODEMOS é igual à FRELIMO"

António Cascais
13 de janeiro de 2025

Em entrevista à DW, deputado da RENAMO explica por que faltou à cerimónia de tomada de posse do novo Parlamento e tece duras críticas ao PODEMOS, que participou. "Estamos longe dessa postura", diz Arnaldo Chalaua.

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Bandeira do partido PODEMOS, em Moçambique
Foto de arquivoFoto: N. Issufo/DW

Tanto a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) como o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) faltaram à cerimónia de tomada de posse dos deputados eleitos nas eleições gerais de 9 de outubro.

Já o Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, participou no evento, justificando que se conformou com a "ordem constitucional".

Em entrevista à DW, Arnaldo Chalaua, um dos deputados da RENAMO que não compareceram hoje no Parlamento moçambicano para tomar posse, tece duras críticas à postura do PODEMOS. Avança ainda que não deverá participar na cerimónia de tomada de posse de Daniel Chapo, como Presidente da República, por uma questão de princípios.

"Estas [últimas] eleições foram vergonhosas", atira Chalaua.

Arnaldo Chalaua, deputado da RENAMO
Arnaldo Chalaua: "Não faria sentido que a RENAMO fosse ao Parlamento"Foto: Silaide Mutemba/DW

DW África: Porque não foi hoje à cerimónia de tomada de posse dos deputados?

Arnaldo Chalaua (AC): Moçambique está a viver momentos de total caos. Vive um momento de banho de sangue. Não fazia sentido que a RENAMO fosse ao plenário para a cerimónia solene.

Este evento é um ato simbólico, demonstrativo de alegria - é um ato que demonstra harmonia e concordância, acima de tudo – mas não temos nem uma, nem outra coisa. A RENAMO pediu que as eleições fossem anuladas e não faria sentido que a RENAMO fosse ao Parlamento, nesta data de tomada de posse, como se nada tivesse acontecido.

DW África: Subentende-se, pelas suas palavras, que esta não é uma decisão definitiva e ainda poderá comparecer ao Parlamento e assumir o seu assento mais tarde. É mesmo assim?

AC: A sua pergunta foi relativamente à data de hoje. E o que lhe devo explicar é exatamente isso: ainda há muitos cidadãos que estão de luto. Então, não faz sentido que a RENAMO empreste uma alegria e vá para o Parlamento de fato e gravata e tome posse.

DW África: Outra postura foi a do presidente do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que afirmou que os resultados foram validados e, por isso, se "conformou com a ordem constitucional". Aceita esta opção do PODEMOS?

AC: Estamos muito longe dessa postura. O PODEMOS dizia ser o defensor do povo, mas é preciso repor a verdade: o PODEMOS é igual à FRELIMO.

Não houve nenhum partido [da oposição], do ponto de vista prático, que tenha tomado posse na Assembleia da República. A FRELIMO tomou posse com os seus aliados – o PODEMOS é um partido que nasceu dentro da FRELIMO. Não tem nada a ver com a defesa do povo.

DW África: E o Arnaldo Chalaua e os seus colegas da RENAMO vão participar na cerimónia de tomada de posse de Daniel Chapo, na quarta-feira?

AC: Não me lembro de uma tomada de posse do Presidente da República em que a RENAMO lá tenha estado. Porquê? Porque as eleições nunca foram justas. Esta é a minha visão particular. Mesmo no tempo do saudoso presidente [Afonso] Dhlakama, não me lembro de existirem membros da RENAMO a participar nas cerimónias de investidura.

Seria de bom gosto que assim fosse, mas [é preciso] que as eleições sejam justas e transparentes. Porém, estas [últimas] eleições foram vergonhosas.

DW África: E se Venâncio Mondlane se declarar Presidente, como já anunciou, como é que a RENAMO, em geral, e o senhor deputado Arnaldo Chalaua, em particular, vão conviver com a situação? Que Presidente merecerá mais respeito da sua parte? Venâncio Mondlane, Daniel Chapo ou nenhum dos dois?

AC: Eu sou jurista. Não é possível que um Estado seja governado por duas personalidades. A nossa Constituição não abre esta possibilidade. Não é possível termos uma administração pública dirigida por duas personalidades, pois estaríamos a dizer ao mundo inteiro que temos dois países num único. O único caminho é o diálogo. Deve haver um espaço de aproximação.

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