O ouro muda tudo
Bantako é um pequeno vilarejo no sudeste do Senegal. Quando, em 2008, moradores encontraram ouro na região, a pequena comunidade rural transformou-se num eldorado na savana senegalesa.
Pedras com pouco ouro
"Quando nós descobrimos o ouro em 2007-2008, o vilarejo mudou completamente", diz Doussa, o coordenador da mina de ouro artesanal em Bantako. "Em 2007, nós éramos 2.000 pessoas e agora somos 6.000 pessoas a viver aqui", conta. Cerca de 3.000 mineiros trabalham todos os dias na mina artesanal de Bantako, onde, geralmente, encontra-se pedras com poucas quantidades de ouro.
Túnel improvisado
Os trabalhadores de túneis improvisados são supervisionados informalmente por anciãos do vilarejo. Os anciãos garantem que os mineiros carregam um cartão emitido pelo Ministério de Minas em Dacar. "Como podem ver, o Estado está ausente aqui, então nós do vilarejo controlamos a mina de ouro e organizamos o trabalho", diz Doussa. "Ninguém pode trabalhar aqui sem falar connosco antes."
Buracos profundos
"Eu estou aqui apenas para trabalhar", diz o mineiro Mamadou, da Guiné. "Aqui, eu consigo poupar dinheiro suficiente para mandar para casa", acrescenta. Regulamentos de saúde e de segurança e respeito pelos direitos dos trabalhadores simplesmente não existem. "Somos o lado negro de um mercado muito lucrativo", explica Akia, chefe da equipa de trabalhadores ao qual Mamadou pertence.
Pequena euforia
Antes da chegada das minas de ouro, não havia motorizadas no vilarejo. Com o crescimento repentino do negócio do ouro, os mineiros precisavam de uma conexão rápida com Kedougou, a cidade mais importante da região, a 35 quilómetros de Bantako. Vendedores de combustível, mecânicos e outros trabalhadores passaram a fazer o mesmo, beneficiando a comunidade e mudando a vida local de maneira profunda.
Bom estoque de enxadas e picaretas
Ao longo da estrada principal de Bantako, centenas de pequenos mercados de enxadas e picaretas vendem tudo o que os mineiros precisam. "Eu vim aqui apenas para abrir esse negócio", afirma Malik, dono do estabelecimento e que vem de outra região do Senegal. Poucos anos atrás, nenhum negócio como este poderia ser encontrado em vilarejos remotos da savana senegalesa.
Da fazenda às minas de ouro
"Antes da descoberta de ouro não havia casas de concreto", lembra Waly Keita, de 45 anos, que se tornou mineiro depois que o ouro foi encontrado na região. "Até a minha casa, que é feita de tijolos e cimento, nunca teria sido construída se eu ainda fosse um agricultor. Então, eu acho que o vilarejo ganhou muito com esse negócio", considera.
Métodos artesanais antigos
Mineiros que não podem comprar uma maquinaria industrial cara capaz de separar o ouro das pedras usam um método de extração rudimentar. As pedras são esmagadas com equipamentos antigos, molhadas e depois deixadas ao sol para secar. "O segundo estágio de esmagamento faz com que as pedras fiquem mais lisas, aumentando a probabilidade de encontrar ouro", explica a mineira Lia enquanto trabalha.
Esforço unânimo
Depois de serem esmagadas por uma segunda vez, as pedras são filtradas sobre uma peneira para garantir que todo o ouro será encontrado. A família inteira ajuda nesta parte do trabalho, especialmente no verão, quando as escolas estão fechadas.
Meio ambiente é ignorado
O boom económico no vilarejo e a chegada de milhares de trabalhadores também traz problemas. Em Bantako, não há nenhum sistema de descarte regular. O lixo produzido é frequentemente jogado diretamente num riacho que passa perto do vilarejo. "Um dia o ouro irá acabar. O que acontecerá com a vila?", questiona Keita.