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O longo caminho - abusos nas escolas da Tanzânia

De Almeida Barroso, Marta Cristina16 de janeiro de 2012

Na Tanzânia, mais de 8.000 meninas por ano têm de abandonar a escola por engravidarem. Esta é a razão mais frequente de abandono da escola neste país da costa leste de África. Muitos professores são os pais das crianças.

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É por muitas vezes não saberem como funciona o próprio corpo, devido à pressão social e à desigualdade de direitos entre mulheres e homens que muitas meninas engravidam cedo. Há ainda outro fator que leva a tantos casos de gravidez precoce na Tanzânia, mas deste pouco se fala: no país, os professores são frequentemente os pais dos filhos das alunas.

Um estudo da organização não governamental Plan International conclui que, na maioria das vezes, não são as meninas que decidem ter relações sexuais sem proteção. O mesmo estudo conclui ainda que o problema de gravidez indesejada é mais frequente nas áreas mais pobres.

De acordo com a organização de defesa dos direitos das mulheres "Tanzania Media Women Association", um sanduíche ou uma limonada são suficientes para aliciar as adolescentes. Isto, porque, muitas vezes, as meninas saem de casa de manhã sem tomar o pequeno-almoço e têm de percorrer 15 km até chegar à escola. À tarde, têm de percorrer os mesmos 15 km de regresso a casa. Em princípio, também na escola essas meninas não comem nada.

Normalmente, é no caminho da escola que as meninas são assediadas. Muitas vezes, os atacantes oferecem-lhes uma boleia de mota ou bicicleta. E depois esperam uma recompensa. Mas muitas vezes o perigo não acaba na escola. Isto porque, em vários casos, são os próprios professores que engravidam as meninas. A "Tanzania Media Women Association" diz que, por vezes, os professores abusam do poder que têm e ameaçam as alunas.

As autoridades tanzanianas asseguram que, através de campanhas de informação e sensibilização, as famílias já estão mais abertas a cooperar com as instituições do estado para assegurar que os criminosos sejam penalizados. Contudo, dizem as organizações da sociedade civil, só raramente os professores são punidos pelos seus atos.

Autores: Jan-Philipp Scholz/Marta Barroso
Edição: Johannes Beck