O balanço da política externa da "grande coligação" alemã
26 de setembro de 2009Assim que assumiu a chefia do Governo alemão em 2005, a chanceler Angela Merkel surpreendeu críticos e cépticos com a sua actuação no palco internacional. Depressa reparou as relações tensas entre Washington e Berlim desde a recusa do seu predecessor, Gerhard Schröder, de participar na guerra do Iraque. Adversa ao espectacular e ao confronto, actuou discretamente nos bastidores do Grupo dos oito países mais industrializados para promover a protecção do meio-ambiente, e mediou entre os estados da União Europeia para tornar possível o Tratado de Lisboa.
Mas a discrição não foi tanta que os alemães e o mundo não se apercebessem rapidamente do nascimento de uma nova estrela na política externa, considerada a "mulher mais poderosa do mundo" pela revista económica Forbes durante quatro anos consecutivos.
O adversário: Frank-Walter Steinmeier
Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, outra pessoa discreta por natureza, ainda não era candidato à chancelaria pelo Partido Social Democrata, e os dois dirigiam juntos e em quase harmonia a política estrangeira alemã.
O que só foi possível por existir um acordo fundamental sobre como a Alemanha se deve apresentar no mundo. Por exemplo, a campanha agressiva do chanceler Schröder para obter um assento permanente para a Alemanha no Conselho de Segurança das Nações Unidas foi arquivada. Entre Merkel e Steinmeier reina o acordo também sobre a necessidade de manter as tropas alemãs no Afeganistão, apesar de se tratar de uma das medidas mais impopulares deste Governo. A "grande coligação" considera que lhe cabe também uma parte da responsabilidade pela segurança e o desenvolvimento democrático do Afeganistão, para além de querer ser um parceiro fiável na NATO.
O Contraste faz o balanço dos quatro anos de política externa da "grande coligação" entre a CDU/CSU e o SPD.