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PolíticaNíger

Níger: Militares anunciam encerramento do espaço aéreo

Lusa | AFP | bd
7 de agosto de 2023

Os militares que tomaram o poder no Níger anunciaram o encerramento do espaço aéreo "face à ameaça de intervenção dos países vizinhos". Situação pode potenciar influência russa na região.

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Foto: Mahamadou Hamidou/REUTERS

A junta militar desafiou o prazo dado pela CEDEAO, o bloco da África Ocidental, para reintegrar o Presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum ou enfrentar uma possível ação militar.

"Perante a ameaça de intervenção dos países vizinhos, o espaço aéreo do Níger está encerrado a partir de hoje, domingo, até nova ordem. Qualquer tentativa de violação do espaço aéreo terá como consequência uma resposta enérgica e imediata”, advertiu o coronel Amadou Abdramane, porta-voz do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria.

A CEDEAO lançou o seu ultimato há uma semana, exigindo que os generais abandonassem o poder até à meia-noite de domingo (06.08).

O Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria afirmou ter sido "efetuado um pré-deslocamento para a preparação da intervenção em dois países da África Central", sem especificar quais.

"O Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria informa a opinião pública nacional e internacional que informações consistentes atualmente na sua posse indicam que as forças de uma potência estrangeira se preparam para atacar o Níger e o seu povo, em coordenação com a CEDEAO e grupos terroristas armados”, referiu Amadou Abdramane.

"O Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria adverte a CEDEAO, a soldo desta potência estrangeira, contra qualquer ingerência nos assuntos internos do Níger, bem como contra as consequências desastrosas desta aventura militar para a segurança da nossa sub-região, a sua estabilidade e a unidade da nossa comunidade”, acrescentou.

Nach dem Militärputsch im Niger - Protest im Stadion
Milhares de apoiantes do golpe militar reuniram-se em Niamey no domingoFoto: AFP

CEDEAO admitiu recorrer à força

O ultimato da CEDEAO terminou sem que a exigência fosse cumprida, pelo que a população se prepara agora para o pior, já que a CEDEAO admitiu recorrer à força, isto apesar dos recentes apelos internacionais para que a legalidade constitucional seja reposta por meios pacíficos.

O Senado da vizinha Nigéria insurgiu-se contra o plano da CEDEAO, instando o Presidente da Nigéria, Bola Ahmed Adekunle Tinubu, que também lidera o bloco até ao final do ano, a explorar outras opções que não o uso da força.

O Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, disse que o país recusa "categoricamente qualquer intervenção militar" da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no Níger como "uma ameaça direta à Argélia".

"A Argélia é a favor do regresso à legitimidade constitucional no Níger, tal como está disposta a ajudar os nigerinos na medida do possível, se estes manifestarem essa necessidade, a fim de contribuir para o restabelecimento de uma maior firmeza”, frisou Abdelmadjid Tebboune.

Neste domingo, milhares de apoiantes dos militares autores do golpe de Estado no Níger juntaram-se num estádio em Niamey, a capital do país, numa demonstração de apoio popular aos líderes da Junta Militar. O recinto estava coberto de bandeiras russas e os apoiantes transportavam retratos dos líderes do CNSP.

Em 26 de julho, soldados amotinados instalaram o seu líder, general Abdourahamane Tiani, como novo chefe de Estado do Níger. Enquanto Tiani pedia apoio nacional e internacional, cresce o receio de que a crise política do país possa prejudicar a luta contra os ‘jihadistas' e aumente a influência da Rússia na África Ocidental.

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