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Nyusi preservará interesses económicos de Guebuza?

António Cascais4 de março de 2014

Filipe Nyusi, candidato da FRELIMO às presidenciais, poderá preservar os interesses económicos de Guebuza, caso seja eleito Presidente de Moçambique, consideram alguns. Mas há quem ache que é melhor esperar para ver.

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Filipe Nyusi e Armando Guebuza celebrando a vitória do primeiro como candidato as presidenciais deste anoFoto: Leonel Matias

Também se especula que Armando Guebuza, atual Presidente do país, permanecerá ainda durante alguns anos na presidência da FRELIMO, o partido no poder.

Sobre estes temas a DW África entrevsitou dois observadores políticos em Moçambique, começando pelo investigador do Instituto Superior de Relações Internacionais em Maputo, Calton Cadeado, que descreveu a personalidade de Filipe Nyusi.

Calton Cadeado
Calton Cadeado, analista político do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em MoçambiqueFoto: privat

Calton Cadeado (CC): Do CV que conheço e da vida pública é um pouco daquilo que exerceu ou exerce até agora como ministro da Defesa. E poucas vezes tive possibilidade de participar das ações dele como ministro. Nota-se que é uma pessoa que tem um sentido muito de defesa de pátria, de nacionalismo para assuntos de Moçambique.

DW África: Há quem diga que ele é muito próximo do atual Presidente e será a pessoa que vai preservar os interesses de Guebuza em Moçambique...

CC: Já ouvi a mesma afirmação em relação ao ministro da agricultura, José Pacheco. Até bem pouco tempo dizia-se que ele era a pessoa fiel, segura para proteger os interesses económicos do atual chefe de Estado. Neste momento parece-me que estamos a dar azo a muita informação para ver onde pegamos para atacar o atual provável chefe de Estado. Se ele é fiel ou não, veremos a medida em que for fazendo a sua governação.

Nyussi wird von der FRELIMO kongratuliert
Membros da FRELIMO parabenizam Nyusi depois da vitóriaFoto: Leonel Matias

A DW África entrevistou também o jornalista e analista político moçambicano, Baiano Valy. Segundo o jornalista independente a eleição de Nyusi a candidato da FRELIMO, o partido no poder, poderá trazer muitas mudanças:

Baiano Valy (BV): Acho que poderemos viver momento interessantes na história política moçambicana caso seja eleito. No entanto ele vai ser o chefe das forças armadas, vai chefiar a polícia e os serviços de segurança. Esse homem ver-se-á munido de todo o poder para ser o presidente do partido. Será que isso pode criar conflitos? Temos o candidato da etnia Makonde. Obviamnete que há bom tempo que os Makondes reivinicam o poder e tendo um filho da casa na presidência da República, como é que eles se verão quando no passado o Presidente da República por via da FRELIMO, sempre foi o presidente do partido?

DW África: Logo após a nomeação de Filipe Nyusi surgiram vozes críticas que dizem que ele é o homem de Guebuza, que vai ser instalado no poder para preservar os interesses económicos do atual Presidente. O que pensa disso?

Bayano Valy
Bayano Valy, jornalista independente e analista político moçambicanoFoto: Privat

BV: Penso que não é de todo absurdo pensar-se assim, se o Presidente Guebuza continuar como presidente da FRELIMO, que é o partido que de alguma forma determina quais serão as políticas económicas e financeiras e sendo ele o Presidente da República associado a vários interesses económicos, é verdade que haveria de querer ver alguém que pudesse continuar a proteger os seus interesses económicos.

Por exemplo, diz-se que as primeiras gotas de petróleo irão jorrar em 2018, e até a essa data ele continuará como presidente do partido. Se não houver uma pressão para que ele ceda o seu lugar ao senhor Filipe Nyusi, poderemos ter lutas intestinais muito fortes para o acesso aos interesses económicos e financdeiros do país.

Na corrida presidencial Filipe Nyusi, de 55 anos, natural de Cabo Delgado, e de etnia makonde, foi eleito pelo Comité Central da FRELIMO candidato do partido às eleições presidenciais de 15 de outubro. Ele deverá ter como adversário Afonso Dhlakama, presidente da RENAMO, a maior força política do país, e Davis Simango, líder do MDM, segunda maior força da oposição.

Nyusi - Guebuza

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