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Nomeação de opositor causa estranheza em Moçambique

Delfim Anacleto
18 de janeiro de 2024

Analistas moçambicanos estão divididos quanto ao significado da nomeação de figuras da oposição para cargos executivos. Em ano eleitoral, a ativista Mirna Chitsungo acredita que isso pode enfraquecer a oposição.

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Parlamento em Maputo
Parlamento em MaputoFoto: DW/L. Matias

O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, nomeou na quarta-feira (18.01) o deputado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) Eduardo Namburete para o cargo de Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República de Moçambique na Argélia

É a segunda nomeação de Filipe Nyusi a um membro da oposição para a carreira diplomática. Em 2022, Raul Domingos, do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento foi indicado para o cargo de Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República de Moçambique junto da Santa Sé.

O analista político Gil Aníbal entende que essas nomeações de figuras da oposição são uma materialização do compromisso assumido por Filipe Nyusi aquando da sua tomada de posse para o primeiro mandato em 2015, segundo o qual "no seu coração cabiam a todos”.

"É por esta razão que o Presidente da República (...) vem nomeando quadros de partidos políticos que outrora eram vistos como inimigos, mas como estamos num processo de reconciliação nacional, esses quadros não são já inimigos, mas sim adversários políticos que têm qualidade para integrar a máquina de governação de altos dirigentes do Estado”, comentou em declarações à DW. 

Fiipe Nyusi, Presidente de Moçambique
Fiipe Nyusi, Presidente de MoçambiqueFoto: Phill Magakoe/AFP/Getty Images

Mas há quem tenha um entendimento diferente. A ativista social Mirna Chitsungo congratula a indicação de Eduardo Namburete para o cargo governativo, mas estranha a coincidência com o ano eleitoral.

A também analista política entende que isso poderá enfraquecer a RENAMO num momento em que o maior partido da oposição está envolvido numa crise interna de escolha de novas lideranças internas.

"Há muitos que preferem dizer que é um processo inclusivo, entretanto, para mim, esse processo inclusivo não podia começar em períodos eleitorais, para mim é de se estranhar. O professor Eduardo Namburete é uma das figuras de renome dentro do partido”, opinou.

Para Gil Aníbal, a inclusão será um dos principais legados que o Presidente Filipe Nyusi poderá deixar.

"O Presidente da República está a demonstrar um espírito de liderança de um estadista de inclusão que luta pela reconciliação nacional. Para além de ser uma mensagem de sinalização de que o país está a caminhar para uma democratização plena e concisa, é uma mensagem que diz  que todos os moçambicanos gozam dos mesmos direitos constitucionais”, conclui.

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