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No Uganda, Museveni inicia novo mandato presidencial com clima tenso

13 de maio de 2011

Jornais alemães interessam-se pelo Uganda, onde o presidente Yoweri Museveni foi reconduzido ao cargo por mais cinco anos

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Yoweri Museveni presta juramento (12/05) como Presidente reeleito do UgandaFoto: AP

O Presidente Yoweri Museveni prestou juramento na quinta-feira (12/05) e os jornais da Alemanha destacaram que este novo mandato presidencial não será fácil. Por exemplo, o Süddeutsche Zeitung vai ao ponto de falar do "espírito de Idi Amin [antigo ditador do Uganda (1971-1979)]", ao fazer referência à brutalidade da repressão policial contra os manifestantes da oposição. O diário lembra assim aos leitores o reino do sinistro antecessor de Yoweri Museveni, Idi Amin Dada.

O Uganda, nota mais à frente o quotidiano, possui reservas petrolíferas calculadas em dois mil milhões de barris. É preciso ainda esperar algum tempo antes desta riqueza se traduzir em petrodólares. Mas, de acordo com o Süddeutsche, é verdade também que o petróleo já suscita cobiça e deverá aumentar ainda mais a determinação do governo de defender com unhas e dentes o seu poder.

Besigye, uma grande preocupação para Museveni

Kizza Besigye Uganda Opposition
Kizza Besigye, líder da oposição no UgandaFoto: AP

Oficialmente, é para proteger os campos petrolíferos que o Uganda decidiu comprar recentemente cinco aviões de combate à Rússia, num valor total de 740 milhões de dólares, destaca o quotidiano, para acrescentar que tudo indica que o presidente Museveni não pensa desistir das intenções de permanecer no poder utilizando todos os meios.

Mas há um sério rival, Kizza Besigye, do Fórum para a Mudança Democrática, que exige o fim do que chama de "ditadura de Museveni".

Kizza Besigye perdeu a eleição presidencial ao conseguir somente 26% dos votos. Mas o Süddeutsche destaca que, se a oposição parecia vencida em fevereiro, ela tem contudo o sentimento de que a própria situação é cada vez melhor com o passar dos dias e meses e isso tem a ver um pouco com as revoluções que fustigam o mundo árabe.

No Egito e na Tunísia, o povo derrubou os ditadores. Besigye espera que a oposição no seu país possa também entrar nesta onda.

Para o Frankfurter Allgemeine Zeitung, este medo do Uganda se transformar numa segunda Tunísia explica o grande nervosismo de Yoweri Museveni. O aparelho de segurança reagiu com uma violência desproporcional às manifestações da oposição que protestava contra o vertiginoso aumento do custo de vida.

E esse comportamento das forças de segurança, escreve o FAZ, fez com que Besigye se tornasse popular no seio dos habitantes do país onde antes não contava com grandes apoios.

Homem de 72 anos aprende a ler e escrever

O Uganda também ganhou destaque nas páginas da imprensa alemã por uma razão mais positiva: a história de um velho homem que decidiu aprender a ler e escrever, como nos relata uma das edições da semana do Süddeutsche Zeitung.

O idoso chama-se Paul Acak, tem 72 anos e depois de uma vida muito dura de trabalho no campo decidiu, há três anos, começar a frequentar a escola. Todos os dias desloca-se a pé à escola que fica a quatro quilômetros de marcha. Perfaz oito quilômetros diários.

O jornal sublinha que no dia da sua inscrição na escola, todos pensavam que tinha ido acompanhar os seus bisnetos. Os camaradas da escola tem no máximo 11 anos e Paul Acak não tem problemas para vestir o uniforme escolar, com a única diferença: o "short" é substituído por calças.

Karte Uganda mit der Hauptstadt Kampala Deutsch
Yoweri Museveni está na presidencia do Uganda há 25 anosFoto: DW

Na reportagem do Süddeutsche Zeitung, pode ler-se ainda que a escola que Paul Acak frequenta conta com 13 professores que ensinam a 842 estudantes, enquanto se aguarda para breve novos alunos e salas de aulas. Mas, o grande problema é a falta de financiamento para os futuros projetos, relata o jornal alemão.

Autor: António Rocha
Revisão: Renate Krieger