Nigéria: Aumenta combate contra comércio ilegal de petróleo
27 de dezembro de 2024Apesar de ser o maior produtor de petróleo bruto de África, o país tem enfrentado grandes dificuldades devido ao roubo de petróleo em grande escala e à sabotagem dos oleodutos.
O Delta do Níger, rico em petróleo, é uma das regiões mais afetadas. Para Umaru Ahmadu, consultor financeiro na área do petróleo e do gás, o roubo vai continuar se as autoridades não começarem a priorizar a justiça social e económica na região.
À DW, afirma que os sucessivos governos nigerianos têm negligenciado os residentes das zonas produtoras de petróleo. "Não têm infraestruturas, não têm apoio social e económico básico. Não existe uma rede de segurança social. Perderam o seu meio de subsistência, o seu ambiente foi posto em causa e completamente destruído”, diz.
O aumento do comércio ilegal de petróleo tem levado à redução da produção e exportação, afetando diretamente as finanças do Governo e constituindo um sério desafio para o Presidente Bola Tinubu.
Entre 2009 e 2020, a Nigéria perdeu cerca de 620 milhões de barris de petróleo bruto, avaliados em 46 mil milhões de dólares, de acordo com a Iniciativa de Transparência das Indústrias Extrativas da Nigéria, que promove a responsabilização na gestão das receitas do petróleo, do gás e da exploração mineira do país.
Impactos ambientais
Benjamin Boakye, diretor executivo do Centro Africano para a Política Energética, no Gana, lamenta que não se tenha em conta a regulamentação e a proteção do ambiente.
"A menos que haja vontade política para fazer frente à situação e responsabilizar as pessoas… Estaremos apenas a falar sobre isto e não conseguiremos encontrar uma solução para o panorama geral”, lamentou.
Estudos mostram que o roubo de petróleo contaminou o ar, a terra e a água, provocando efeitos devastadores na saúde e nos meios de subsistência dos residentes das zonas afetadas.
Ahmadu reforça que a exploração mineira ilegal tem um impacto significativo no ambiente, uma vez que aqueles que a praticam "não são peritos nem especialistas”.
"Fazem-no da forma mais grosseira possível, o que faz com que o ambiente seja afetado”, afirma.
O consultor financeiro na área do petróleo sublinha que o Governo nigeriano está a perder receitas devido à destruição contínua de oleodutos e outras infraestruturas petrolíferas, o que impede o progresso do país.