1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Médico angolano morto pela polícia ignorado por autoridades

António Domingos
28 de janeiro de 2022

Familiares do médico Sílvio Dala, morto pela polícia em setembro de 2020, estão revoltados com o silêncio das autoridades. O médico foi morto em Luanda, alegadamente por não usar máscara dentro da sua viatura.

https://p.dw.com/p/46Bcn
Angola Luanda | Polizeigewalt
Foto: Borralho Ndomba/DW

O médico Sílvio Dala foi uma das primeiras vítimas mortais do excesso de força usado pela polícia angolana durante o primeiro estado de emergência para conter a pandemia de Covid-19.

Dala exercia a função de diretor clínico do Hospital Materno Infantil da província angolana do Kwanza Norte. Muitos dos seus dependentes ficaram sem auxílio. Um parente de Dala, o também médico Desejo Venâncio Dala, disse à DW África que a família continua à espera que seja feita justiça.

Desejo Venâncio Dala
Desejo Venâncio DalaFoto: António Domingos/DW

"Nós estamos preocupados com o silêncio das autoridades. Queremos que a justiça se faça sentir e queremos ver o fecho desse assunto do médico Sílvio Dala", afirma.

O professor Víctor Pereira, que conhecia Sílvio Sala desde a infância, mostra-se indignado com o silêncio das autoridades angolanas e insta as autoridades angolanas a fazerem justiça, apurando as responsabilidades pela morte do amigo.

"Nós pedimos às autoridades locais e às autoridades de Luanda, onde o facto aconteceu, tendo em conta o princípio da territorialidade no sentido de trazerem à tona a verdade material", diz o professor.

Víctor Pereira
Víctor PereiraFoto: António Domingos/DW

Juntando-se às vozes críticas, o jornalista Graça Campos, escreveu na sua página do Facebook: "O Presidente da República não disse uma palavra de reprovação à Polícia pela morte do médico Sílvio Dala, em setembro de 2020, por não cobrir a cara com máscara num carro em que era usuário único. João Lourenço não endereçou uma palavra de consolo à família do jovem médico".

A lei não ajuda

O jurista independente Domingos Tuaíla Nzumba disse à DW África não haver razão para um prolongamento da instrução preparatória.

Na opinião do jurista quem deve ser responsabilizado é o polícia de serviço no dia da morte do médico: "Para além da recolha de provas, também na determinação do autor dos factos, quem é o carcereiro que esteve aí? Este carcereiro terá sido o autor da morte."

Contactado por telefone, o porta-voz da Procuradoria-Geral da República (PGR), Álvaro João, disse que o processo relativo à morte do médico Sílvio Dala foi registado por um magistrado em funções no Gabinete de Inquérito e Reclamações da PGR.

"Foram ouvidos declarantes, testemunhas que presenciaram os factos. Também constitui peça fundamental do processo o relatório médico legal que espelha o resultado do exame forense realizado", explicou.

Angola: Polícia reprime protestos em Luanda