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Na Etiópia, doadores prometem ajudar Mali com 340 milhões de euros

Vieira Teixeira, Cristiane29 de janeiro de 2013

Montante será destinado às necessidades militares e humanitárias do país onde militares franceses e nacionais combatem rebeldes fundamentalistas islâmicos. Ajuda deveria ter vindo antes, diz presidente cessante da UA.

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Nesta terça-feira (29.01), chefes de Estados africanos e 60 parceiros acordaram, na capital da Etiópia, Adis Abeba, um extenso pacote de ajuda para o Mali, que inclui um montante de 340 milhões de euros. A crise neste país africano já havia ofuscado, na segunda-feira (28.01), a cúpula de líderes africanos.

Como em anos anteriores, as crises recentes ofuscaram a reunião da União Africana, liderada pela primeira vez pela presidente da Comissão da UA, a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma.

Em suas palavras de abertura, Dlamini-Zuma destacou a necessidade de esforços consideráveis ​​para resolver atuais ou novos conflitos inflamados em um número de países africanos.

Além do Congo e do Sudão, a crise no Mali dominou as conversações no plenário e nos corredores do palácio da União Africana, em Adis Abeba. Muitos líderes se surpreenderam quando o presidente cessante da UA e atual presidente do Benin, Thomas Yayi Boni, declarou, logo no início da cúpula, que o engajamento em ajuda deveria ter acontecido muito antes, criticando a ausência de forças africanas nos desertos do Mali.

Num ultimato da União Africana, os países africanos têm até o final desta semana para fornecerem mais tropas para a AFISMA, sigla em inglês para a Missão Africana de Apoio ao Mali. Burundi e Tanzânia já manifestaram a sua intenção.

No último sábado (26.01), ministros da defesa da Comunidade Económica da África Ocidental (CEDEAO) concordaram em aumentar o número de soldados enviados ao Mali de pelo menos 4.500 para 5.700. O Chade, que não é membro da CEDEAO, ofereceu 2 mil soldados extras.

No entanto, até o momento, principalmente as tropas do Mali estão ativas na zona de combate rumo ao norte do país, comenta o analista político Mehari Tadele Maru, em Adis Abeba: "Isso se deve, naturalmente, à fraqueza da União Africana e da CEDEAO como instituições que poderiam ter evitado essa situação no Mali. Falta de vontade política não é tanto o desafio, mas a situação financeira está mais aguda agora", afirma Maru.

Também em Adis Abeba, Salomão Ayele Dersso, do Instituto de Estudos de Segurança (ISS), com sede em Pretória, na África do Sul, apoia o rápido estabelecimento da chamada Força Africana de Espera (ASF), que vem sendo discutido já há algum tempo.

"Durante o curso da conferência, repetidamente, foi feita referência à necessidade de uma rápida tropa africana de intervenção, parte da Força Africana de Espera,a ser implantada na área de conflito em 14 dias, sob mandato do conselho de paz e segurança", disse Dersso, para quem, "se isso acontecer", haverá possibilidade de países africanos estarem aptos a "responder mais rápido do que fizeram no caso do Mali".

Conferência de doadores promete 340 milhões de euros ao Mali

Na manhã desta terça-feira (29.01), o presidente da Costa do Marfim e da CEDEAO, Alassane Ouattara, abriu a conferência de encerramento dos doadores, na qual a África e 60 parceiros internacionais, incluindo as Nações Unidas e a Comissão Europeia, arrecadavam fundos para a missão no Mali.

Pelo menos 718 mil milhões de euros seriam necessários, disse Ouattara. O número necessário de soldados seria de pelo menos dez mil - o que está bem acima dos inicialmente previstos 3.300 soldados.

A UA prometeu contribuir com cerca de 40 milhões e a Alemanha com 15 milhões de euros. No final, prometeu-se um total de 340 milhões de euros. Mas Avele Dersso, do Instituto de Estudos de Segurança (ISS)adverte: apenas o dinheiro não é suficiente. "É essencial que um processo político esteja em andamento. A crise no Mali não é apenas de segurança ou uma crise militar. É acima de tudo uma crise política e humanitária", descreve o analista.

Para Dersso, existem também outros fatores: a restauração da ordem constitucional em Bamako e uma segunda dimensão, tem a ver com abordar as reclamações dos nacionalistas tuaregues do norte de Mali. "O foco sobre a dimensão militar de combate não deve se sobrepor ao aspecto mais importante da gestão de crise, que é tratar a situação política", avalia.

Autor: Ludger Schadomsky/Cristiane Vieira Teixeira
Edição: Renate Krieger/António Rocha