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Marromeu: Rapaz baleado mortalmente pela polícia em protesto

Lusa
13 de dezembro de 2023

Um rapaz de 15 anos foi baleado mortalmente por um agente da polícia em Marromeu, num protesto contra os resultados oficiais que dão a vitória à FRELIMO na repetição da votação naquele município, confirmou a corporação.

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Wiederholung der Kommunalwahlen in Mosambik
Foto: Arcénio Sebastião/DW

Em declarações hoje (13.12) aos jornalistas, Dércio Chacate, porta-voz do comando provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, explicou que o incidente aconteceu ao final do dia de terça-feira, quando uma patrulha interpelou "um cidadão de aparentemente 15 anos de idade" que "apresentava um comportamento visualmente alterado".

Segundo a PRM, seguiu-se a relutância e "desobediência" do menor, que terá tentado retirar uma arma AK-47 a um dos agentes.

"Neste confronto direto com os agentes teria ocorrido um disparo forçado, o qual atingiu o cidadão, ocasionando a morte", afirmou Dércio Chacate.

O caso foi alvo de abertura de um processo e o agente encontra-se detido na esquadra da PRM de Marromeu, detalhou ainda.

"A PRM é o autor mais interessado neste processo e por esta via foi despachada uma equipa ao distrito de Marromeu para aferir todas as circunstâncias envolventes nesta ação criminal", acrescentou.

Pelo menos dois agentes da polícia moçambicana ficaram feridos e quatro pessoas foram detidas em tumultos ocorridos durante a repetição de eleições em Moçambique, domingo, anunciou na segunda-feira o comandante-geral da corporação.

"Tanto em Gurué, assim como em Marromeu, foram atiradas pedras [contra a polícia]. Tivemos dois colegas feridos em Marromeu que estão fora do perigo, mas ainda em tratamento”, disse Bernardino Rafael, no distrito de Palma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique.

Foto de arquivo
Polícia de Moçambique confirma a morte de um menor atingido por um agendo durante protestos contra os resultados das sextas eleições autárquicasFoto: Marcelino Mueia/DW

Quatro pessoas estão detidas

Segundo o comandante-geral da PRM, foram detidas quatro pessoas em Gurué, duas por ilícitos eleitorais e as outras duas em flagrante quando colocavam barricadas na via pública.

Sem mencionar números, Bernardino Rafael referiu ainda que quatro grupos que estavam a "alterar a ordem e segurança pública" foram detidos em Marromeu, na província de Sofala, centro de Moçambique.

No distrito de Gurué, na Zambézia, também na zona centro, foram registados tumultos entre populares e a polícia, com as pessoas a arremessar pedras contra os agentes, que, por sua vez, dispararam balas de borracha, gás lacrimogéneo e "balas reais" para dispersar os populares, ferindo uma pessoa, segundo dados avançados pela própria polícia.

Apesar dos tumultos, o comandante-geral da PRM faz uma avaliação positiva da repetição de eleições em Moçambique, referindo que o processo decorreu de forma ordeira.

As organizações moçambicanas que observaram o processo eleitoral no domingo denunciaram um ambiente de tensão na abertura e fecho da nova votação, com "várias irregularidades, ilícitos, violência, tentativas de fraude, disparos e detenções", principalmente nos municípios de Gurué e Marromeu.

Repetição da votação 

Assembleia de voto em Marromeu
Partidos de oposição contestam os resultados eleitoraisFoto: Arcénio Sebastião/DW

Em Milange e em Nacala-Porto a repetição das eleições foi tranquila e pacífica, relatam órgãos de comunicação social locais.

Um total de 53.270 eleitores foram chamados, no domingo, a repetir a votação em 75 mesas para a escolha de novos autarcas em quatro municípios em que as eleições não foram validadas pelo Conselho Constitucional (CC) moçambicano, devido a irregularidades.

A repetição da votação decorreu em 18 mesas de Nacala-Porto (província de Nampula), três de Milange e 13 de Gurúè (Zambézia) e na totalidade das 41 mesas de Marromeu (Sofala).

As eleições de 11 de outubro foram fortemente contestadas pela oposição e sociedade civil, que denunciaram uma alegada "megafraude".

O CC moçambicano proclamou, no dia 24 de novembro, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) como vencedora das eleições autárquicas de 11 de outubro em 56 municípios, contra os anteriores 64 anunciados pela CNE, com a Renamo a vencer quatro, e mandou repetir eleições em outros quatro.

Votação em Moçambique: Agitação em Guruè