Nyusi estende recolher obrigatório nas capitais provinciais
5 de abril de 2021Todas as capitais províncias moçambicanas vão observar o recolher obrigatório das 10 horas da noite até às 4 horas da manhã a partir desta terça-feira (06.04). O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira (05.04) pelo Presidente Filipe Nyusi. O objetivo do Governo de Moçambique é conter a propagação do novo coronavirus.
O aumento de infeções, segundo Nyusi, explica a iniciativa do Governo. "Temos consciência dos sacrifícios que são pedidos a todos nós. A única solução é persistir sem desalento, sem dar tréguas à pandemia. Não podemos permitir que se coloque em riso todo o trabalho até agora empreendido", diz o chefe de Estado
O Presidente teme que, no período de Páscoa, a entrada de moçambicanos que trabalham ou residem na Africa do Sul possa provocar a terceira vaga da pandemia. "Entraram no país milhares de concidadãos moçambicanos e sul-africanos vindos da República da África do Sul. Este movimento migratório poderá resultar na importação de casos de Covid-19 e, consequente, no alastramento de cadeias de transmissão de uma variante do novo coronavírus mais infeciosas", explicou
"Medidas conservadoras"
Janeiro e fevereiro foram os meses de mais mortes e infeções em Moçambique. Por isso, o Nyusi disse que quer evitar um cenário dramático. "Considerando os fatores supracitados e, para evitar a terceira vaga que vivemos nos meses de janeiro e fevereiro, decidimos manter todas as medidas de contenção da Covid-19 em vigor por mais 21 dias com inicio no dia 6 de abril".
O analista Ericino de Salema disse que o Governo tomou medidas conservadoras e preferiu não correr riscos iguais aos que o país esteve exposto no início do ano. Falando ao canal privado STV, Salema salientou que o recolher obrigatório estendido a outras cidades "é de razoabilidade duvidosa”.
"Por uma razão muito simples. Em Cuamba, no Niassa, Mocuba, na Zambézia, Macia, em Gaza, Chokwe e Montepuez [em Gaza e Cabo Delgado respetivamente] podem ter muito mais gente do que uma capital provincial como Lichinga", adverte.
Para o analista, tendo em conta o dinamismo económico, há centros urbanos que não são capitais, mas deviam ter uma perspetiva mais ampla de ações. Para ele o critério não precisava de ser "só a capital provincial, mas o nível do movimento ou densidade populacional ou atividade económica".