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EducaçãoMoçambique

Moçambique: Novo ano letivo, velhos problemas

Delfim Anacleto
31 de janeiro de 2023

Movimento Educação para Todos espera que o Governo tenha tomado medidas para evitar polémicas como os erros nos manuais escolares identificados no ano passado. Mas o investimento na Educação não foi suficiente, alerta.

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Escola primária em Quelimane, província da ZambéziaFoto: Marcelino Mueia/DW

No arranque do ano letivo em Moçambique, esta terça-feira (31.01), olhamos para o ano passado, que ficou marcado por várias polémicas no setor da Educação - incluindo os erros em manuais da sexta classe da discplina de Ciências Sociais, considerados bastante graves. No manual dizia-se, por exemplo, que Moçambique fica fora da África Austral.

Depois de uma chuva de críticas, os livros foram retirados das escolas e o Ministério da Educação procedeu à correção. Será que o Governo tem feito o suficiente para não repetir erros como este noutras disciplinas? Foi o que perguntámos a Abel das Neves, do Movimento Educação para Todos.

Abel das Neves lamenta, entre outros problemas, a falta de salas de aula para os alunos moçambicanos e saúda os "heróis da Educação" que lutam pelo ensino no país.

Mosambik I Abel das Neves, Mitglied von "Movimento Educação para Todos"
Abel das Neves, do Movimento Educação para TodosFoto: privat

DW África: O Governo tem feito o suficiente para não repetir noutras disciplinas erros como os que foram identificados nos manuais de Ciências Sociais?

Abel das Neves (AN): Não vou dizer categoricamente que haverá ou não falhas, mas acreditamos que uma sociedade ou qualquer cidadão, depois de ser chamado à atenção, uma, duas, três vezes, dá os passos seguintes de forma bastante cautelosa, para evitar voltar ao mesmo. Neste momento, estamos bastante esperançosos de que este ano não seja de mais alguns escândalos, à semelhança do ano passado, e que o Ministério da Educação possa ter tomado algumas providências adicionais, embora reconheçamos que todo o investimento e esforços que tenham sido feitos não são suficientes para responder aos desafios da Educação.

DW África: A questão da precariedade ou da falta de infraestruturas escolares tem sido um dos temas recorrentes em Moçambique. Acha que existem infraestruturas para garantir que os alunos estudem em melhores condições?

AN: Estamos neste momento a aproximar-nos da época chuvosa e sabemos que a maior parte das nossas salas de aula não é de material convencional e isto coloca-nos um desafio. É complicado, porque enquanto esta terça-feira (31.01) alguns alunos serão distribuídos por salas de aula, outros vão ser distribuídos por árvores e sombras. Isto causa-nos bastante preocupação.

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DW África: O ano letivo arranca com uma reforma no setor da Educação em Moçambique, sendo que, por exemplo, a 7ª classe passa para o ensino secundário. Será que as infraestruturas estão preparadas para responder a este desafio?

AN: A quantidade de salas de aula não responde à demanda efetiva. Foi uma pressão, foi uma ginástica, mas acreditamos que temos alguns heróis na Educação e tudo continua a ser feito, com o apelo para aumentarmos com a maior brevidade a construção de infraestruturas.