Ex-guerrilheiros não querem Mondlane nem Dhlakama no poder
24 de março de 2024Os antigos guerrilheiros do principal partido da oposição moçambicana defendem que Venâncio Mondlane e Elias Dhlakama não deverão ter o privilégio de concorrer à presidência da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), pelo facto de Elias Dlhakama, irmão do falecido Afonso Dlhakama, pertencer às Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), e por considerarem que Venâncio Mondlane não tem um perfil adequado para dirigir aquele partido histórico.
David Coroa, antigo guerrilheiro, explicou à DW, a partir de Chimoio, que a RENAMO tem uma linhagem histórica, razão pela qual deve ser dirigida por pessoas com carácter, carismáticas e com o foco na promoção da democracia em Moçambique.
"Não estamos satisfeitos com o comportamento de alguns membros, pois estão a desorganizar-nos. Queremos ter um único comando e voz", frisou.
DDR por resolver
Para David Coroa, os tumultos no partido ocorrem num momento em que vários guerrilheiros ainda não têm a sua situação de pensão resolvida. "Queríamos que as pessoas que estão em frente do processo de DDR continuassem com o processo visando enquadrar todos", afirmou.
A ala militar da RENAMO, acantonada na província de Manica depois de desarmada no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos ex-combatentes da daquela força política, defende um candidato que defronte as barreiras atuais que encurralam a política moçambicana em Maputo.
Sábado Abacar, que é outro guerrilheiro desmobilizado com a patente de major, disse à DW que é preciso que se coloque o dedo na consciência. "Os senhores Venâncio Mondlane e Elias Dhlakama nunca irão dirigir os combatentes. Devem colocar isso nas vossas cabeças", frisou.
Sábado Abacar acrescentou que "o presidente Osufo Momade não recusou a realização este ano do congresso", justificando que "o partido não tem dinheiro porque o pouco que tinha investiu-se nos pleitos eleitorais passados".