Comunidades foram ouvidas sobre aumento de transportes?
5 de janeiro de 2022A Associação Rede dos Direitos Humanos deu, esta terça-feira (04.01), uma conferência de imprensa vigiada pela polícia. O encontro só começou depois do presidente da associação, Sérgio Matsinhe, dar explicações à polícia.
Primeiro, o evento tinha sido marcado para sexta-feira (31.12), mas a polícia impediu que acontecesse, alegando que a agremiação podia estar a criar agitação. )Nesta terça-feira (04.019, Sérgio Matsinhe teve de ir à esquadra para explicar o objetivo da conferência de imprensa.
"Desculpem-nos pelo atraso. O presidente tinha sido convocado para a sétima esquadra para falar com o comandante acerca deste... [evento]”, justificou-se a associação.
Na conferência de imprensa, a Associação Rede dos Direitos Humanos voltou a repudiar o aumento da tarifa dos transportes semicoletivos, vulgo "chapas", porque o custo de vida já está insuportável para os munícipes.
"E a gestão financeira quotidiana do cidadão pacato torna-se impraticável para custear as suas necessidades mais básicas do que carece. Exemplo disso a alimentação e o próprio transporte para aceder aos vários locais de vital importância mostra a impossibilidade que as populações apresentam neste momento", argumenta.
Consulta: Houve ou não?
O vice-presidente da Federação dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), Batista Macuvele, disse que o aumento da tarifa é irreversível. Por causa do aumento do preço do barril do crude, os produtos petrolíferos vão ficar mais caros no país, entre 7% a 22%.
É por isso que Batista Macuvele não concorda com a ideia da Associação Rede dos Direitos Humanos, de revogar os aumentos dos "chapas".
"Nós estamos a exigir a prestação de serviço de qualidade. Não é possível prestar serviço de qualidade na ausência de um ganho que tem este serviço. É preciso realçar que nós estamos a fazer negócio", explica.
A Associação Rede dos Direitos Humanos acusa o município de Maputo de não ter consultado os munícipes sobre os aumentos. Segundo o presidente Sérgio Matsinhe.
Apelos para denúncia
Porém, o município anunciou em meados de novembro que era sua intenção auscultar os populares. Foi o que referiu na altura Obadias Djedje, responsável pelo pelouro dos Transportes e Mobilidade.
"Para atender a estas preocupações dos operadores e ao mesmo tempo colher a sensibilidade dos munícipes, o Município de Maputo decidiu realizar duas auscultações públicas", assegura Djedje.
Sobre uma queixa antiga dos utentes, o responsável pelo pelouro dos Transportes e Mobilidade explica: "O encurtamento de rotas é resultante da tarifa baixa e nós não concordamos muito com esta abordagem."
O vice-presidente da Federação dos Transportadores de Moçambique afirma que o cumprimento das rotas - que é a grande preocupação dos munícipes - já está acautelado.
No entanto, Batista Macuvele pede também a colaboração dos utentes dos semicoletivos: "Nós encorajamos os utentes que não deixem essa situação prevalecer porque eles é que são os mais lesados, eles é que vivem a situação na pele. Apelamos que continuem a denunciar esses casos [de incumprimento]."