Moçambique: Fome e desemprego preocupam cidadãos de Maputo
30 de dezembro de 2024Já começam a escassear produtos alimentares básicos na cidade de Maputo na sequência da destruição e saques de armazéns abastecedores. Nos supermercados, nos centros urbanos, e nas mercearias na periferia, eram notórias longas filas de cidadãos que procuravam comprar arroz, farinha, óleo e açúcar, produtos que já quase não existem nas prateleiras.
"Só dá para comprar um saco de farinha e arroz, e não é suficiente, porque as coisas estão caras", disse um cidadão à DW. Outro, relata-nos que queria comprar açucar, mas "tudo está caro e não tem 2500 meticais (50 euros) para gastar".
Fome será realidade
As pessoas fazem compras em estoques e já não é apenas para as festas, porque os próximos dias poderão ser de fome. Disso não tem dúvidas o economista, Egas Daniel.
"Principalmente para os mais pobres, para os que dependem do salário mínimo, dos que vivem do dia a dia. Aliás, temos que saber que o setor informal é uma resposta ao desemprego generalizado, principalmente da juventude, depende do setor formal", disse.
O economista explica que ainda que os salários sejam pagos de forma regular para os cidadãos com empregos garantidos, a inflação vai-se sentir.
"Não vão conseguir comprar a mesma quantidade de bens e serviços que compravam antes. E esta parte que também afeta sobretudo as camadas mais vulneráveis, aqueles que recebem salário mínimo, aqueles que com pouco não conseguiam fazer muita coisa, agora com o aumento dos preços não vão conseguir fazer quase nada", comentou.
Medidas para atenuar desemprego
O desemprego é outra situação que o país deverá enfrentar nos próximos dias. O economista Egas Daniel sugere que haja conversações com o próximo governo no sentido de adoptar medidas para minimizar o impacto destas manifestações no empresariado.
Algumas dessas medidas são a isenção de impostos e de taxas de importação de certos produtos ou maquinarias, e não só.
"Mas também pode-se procurar, por exemplo, medidas financeiras para anular os juros de mora associados aos empréstimos, anular ou adiar ou mesmo suspender a acumulação de juros que tinham crédito com o setor financeiro e que não tem mecanismo de ressarcir esses créditos, porque não estão a produzir e naturalmente não tem onde tirar o dinheiro para pagar esses créditos", disse.
Dados preliminares da CTA, Confederação das Associações Económicas, indicam que mais de 12 mil moçambicanos ficaram sem emprego por causa do saque a empreendimentos económicos.