Moçambique: Ataque a Macomia provocou quase 1.500 deslocados
19 de maio de 2024De acordo com o mais recente relatório daquela agência do sistema das Nações Unidas, a que a Lusa teve acesso, os "ataques e receios de ataques" por parte destes grupos armados levaram à fuga de mais de 530 famílias de Macomia, totalizando 1.461 pessoas registadas pela OIM nos locais de destino, sendo mais de metade (57%) crianças.
Estas famílias fugiram sobretudo para o distrito vizinho de Meluco, mas também para Metuge, Chiùre e Ibo, segundo o relatório da OIM.
O Ministério da Defesa Nacional confirmou em 10 de maio um "ataque terrorista", durante a madrugada do mesmo dia, à vila de Macomia, garantindo que um dos líderes do grupo foi ferido pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outro morto.
"O ataque durou cerca de 45 minutos e os terroristas foram prontamente repelidos pela ação coordenada das nossas forças, que obrigaram o inimigo a recuar, em direção ao interior do posto administrativo de Mucojo", afirmou em comunicado.
Posteriormente, fontes locais consultadas pela Lusa confirmaram que pelo menos cinco corpos foram encontrados no regresso da população à vila sede distrital de Macomia, após a saída dos grupos insurgentes da localidade -- segundo alguns relatos com cerca de 100 homens -, mais de 24 horas depois.
Os ataques levaram ainda à pilhagem das lojas da vila, tendo os insurgentes levado igualmente viaturas e motorizadas.
O Ministério da Defesa Nacional relatou na altura que o ataque aconteceu cerca das 04:45 locais (03:45 em Lisboa) e que, no "confronto", as FADM "capturaram um terrorista e feriram um dos líderes, conhecido por 'Issa', que conseguiu escapar, não havendo registo de mortos ou feridos por parte das Forças Armadas".
"Posteriormente, o terrorista capturado veio a perder a vida por ferimentos graves", referia.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, já tinha confirmado, ao final da manhã do mesmo dia, este ataque à sede distrital de Macomia, explicando que aconteceu numa zona antes controlada pelos militares da missão dos países da África austral, que está em progressiva retirada até julho.
"É verdade que é uma zona ocupada pelos nossos irmãos que nos apoiam, em retirada. Mas os que estão no terreno são 100% os moçambicanos. Talvez possa haver um reforço (...). Como estão de saída, espero que consigamos nos organizar melhor, porque o tempo de transição dá isso", reconheceu, enaltecendo a intervenção em curso dos militares moçambicanos.
Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.