1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Moçambique: Ataque a Macomia provocou quase 1.500 deslocados

Lusa
19 de maio de 2024

O ataque à vila de Macomia, província moçambicana de Cabo Delgado, um dos maiores dos últimos meses, provocou de 10 a 14 de maio quase 1.500 deslocados, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

https://p.dw.com/p/4g34G
Mulher carrega ajuda alimentar em Namapa
Ataques recentes em Cabo Delgado provocaram nova onda de deslocadosFoto: ALFREDO ZUNIGA/AFP/Getty Images

De acordo com o mais recente relatório daquela agência do sistema das Nações Unidas, a que a Lusa teve acesso, os "ataques e receios de ataques" por parte destes grupos armados levaram à fuga de mais de 530 famílias de Macomia, totalizando 1.461 pessoas registadas pela OIM nos locais de destino, sendo mais de metade (57%) crianças.

Estas famílias fugiram sobretudo para o distrito vizinho de Meluco, mas também para Metuge, Chiùre e Ibo, segundo o relatório da OIM.

O Ministério da Defesa Nacional confirmou em 10 de maio um "ataque terrorista", durante a madrugada do mesmo dia, à vila de Macomia, garantindo que um dos líderes do grupo foi ferido pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outro morto.

"O ataque durou cerca de 45 minutos e os terroristas foram prontamente repelidos pela ação coordenada das nossas forças, que obrigaram o inimigo a recuar, em direção ao interior do posto administrativo de Mucojo", afirmou em comunicado.

Posteriormente, fontes locais consultadas pela Lusa confirmaram que pelo menos cinco corpos foram encontrados no regresso da população à vila sede distrital de Macomia, após a saída dos grupos insurgentes da localidade -- segundo alguns relatos com cerca de 100 homens -, mais de 24 horas depois.

Os ataques levaram ainda à pilhagem das lojas da vila, tendo os insurgentes levado igualmente viaturas e motorizadas.

O Ministério da Defesa Nacional relatou na altura que o ataque aconteceu cerca das 04:45 locais (03:45 em Lisboa) e que, no "confronto", as FADM "capturaram um terrorista e feriram um dos líderes, conhecido por 'Issa', que conseguiu escapar, não havendo registo de mortos ou feridos por parte das Forças Armadas".

"Posteriormente, o terrorista capturado veio a perder a vida por ferimentos graves", referia.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, já tinha confirmado, ao final da manhã do mesmo dia, este ataque à sede distrital de Macomia, explicando que aconteceu numa zona antes controlada pelos militares da missão dos países da África austral, que está em progressiva retirada até julho.

"É verdade que é uma zona ocupada pelos nossos irmãos que nos apoiam, em retirada. Mas os que estão no terreno são 100% os moçambicanos. Talvez possa haver um reforço (...). Como estão de saída, espero que consigamos nos organizar melhor, porque o tempo de transição dá isso", reconheceu, enaltecendo a intervenção em curso dos militares moçambicanos.

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

Reforço da narrativa extremista para conquistar apoio?