Moçambicanos detidos em mina clandestina na África do Sul
25 de novembro de 2024Segundo anúncio das autoridades policiais, esta segunda-feira (25.11), "as pessoas detidas são todas moçambicanas". Num comunicado, a Polícia esclarece que "um total de 14 mineiros ilegais ressurgiram ontem [domingo] à noite, provando que não estão presos, mas simplesmente se recusam a voltar à superfície".
Na mesma nota, a polícia referiu que nem todos os mineiros ilegais que ressurgiram do poço foram detidos porque "outros voltaram a correr para o poço assim que viram os agentes".
As forças de segurança estão estacionadas há três semanas no exterior da mina de ouro abandonada de Stilfontein, a cerca de 150 quilómetros a sudoeste de Joanesburgo, impedindo intermitentemente os residentes locais de abastecerem os mineiros no interior, a fim de os forçar a sair.
Recusa de ajuda indigna populares
A operação, que até agora levou à detenção de mais de 1.000 pessoas, segundo as autoridades, provocou protestos, com alguns a temerem que os mineiros, conhecidos como "zama zamas" ("aqueles que tentam" em Zulu), possam morrer à fome ou congelados debaixo da terra.
Milhares de mineiros ilegais, muitas vezes oriundos de países vizinhos, trabalham e vivem em condições difíceis na África do Sul, rica em minerais. Um deles, que falou à agência de notícias France-Presse (AFP) depois de ter ressurgido no poço da mina a 17 de novembro, disse que tinha passado dois meses debaixo da terra.
Alguns responsáveis disseram que os mineiros ilegais não mereciam ajuda, incluindo o Ministro da Presidência, Khumbudzo Ntshavheni, que disse: "Vamos expulsá-los".
Ainda não se sabe quantas pessoas se encontram no subsolo de Stilfontein - um membro da comunidade local estimou o número em 4.000, mas a polícia disse mais tarde que provavelmente eram centenas. Parte associa os "zama zamas" a um aumento da criminalidade.
PR fala em "cena do crime"
O Presidente Cyril Ramaphosa, que classificou as "zama zamas" como uma "ameaça" à economia e à segurança, defendeu a estratégia da polícia de bloquear o abastecimento para forçar a saída dos mineiros.
"Até agora, mais de mil mineiros vieram à superfície e foram detidos", disse Ramaphosa na semana passada, descrevendo o local de Stilfontein como uma 'cena de crime'.
"Os que estão de boa saúde estão a ser detidos e serão tratados de acordo com a lei. Aqueles que precisam de cuidados médicos serão levados para o hospital sob supervisão policial", acrescentou.
Os mineiros ilegais estrangeiros, quando são detidos, enfrentam a sua deportação da África do Sul para o país de origem após comparência num tribunal local. Estima-se que cerca de 14.000 supostos mineiros ilegais já tenham sido detidos, em sete províncias do país, desde dezembro de 2023.