Mototaxistas de Manica contra o aumento dos combustíveis
18 de agosto de 2018A manhã deste sábado (18.08), em Chimoio, na província de Manica, no centro de Moçambique, foi marcada por uma manifestação de dezenas de mototaxitas. A categoria é contra o aumento do preço dos combustíveis no país, que, segundo os profissionais, tem provocado o abandono da atividade naquela região.
Segundo os mototaxistas, devido ao preço cobrado pelos combustíveis, a atividade deixa de ser lucrativa, visto que a tarifa cobrada aos passageiros permanece a mesma – variando entre 20 meticais (0,30 cêntimos de euro) até 75 meticais (1,10 euros), dependendo da distância.
Apesar de muitos já terem abandonado a atividade, os poucos que ainda exercem a profissão participaram do protesto este sábado e consideraram como "inconcebível" o litro do combustível chegar a custar 71,30 meticais (pouco mais de um euro).
Baixo rendimento
Paulo Agostinho contou à DW África que a maior parte dos operadores de mototáxis que estão a trabalhar precisa pagar cerca de 300 meticais (pouco mais de 4 euros) por dia ao proprietário da motocicleta.
"Então como conseguir boa receita desta forma? Ou estaremos a trabalhar somente para o patronato, gasolina e para o pagamento de impostos. Mas nós temos famílias por cuidar e que alimentamos através desta atividade", afirma o mototaxista.
Francisco Gundana Ngungudue, outro mototaxista, revelou que não se cansará de reclamar até que as reivindicações da categoria sejam ouvidas, como forma de pressionar o Conselho Municipal de Chimoio a reajustar o preço dos combustíveis para haver um equilíbrio.
"Nós queremos que o Governo nos ouça, porque anunciou que a cada mês o combustível pode subir ou descer, mas nós queremos que nos veja para começar a traçar diretrizes para a sua redução. Os que prevalecem a operar na atividade fazem conta própria. A família quer comer em casa e aqui não se produz quase nada com este aumento", disse.
Aumento da tarifa
Segundo o responsável dos mototaxistas em Chimoio, Chiganda Isaías, os profissionais querem que a tarifa cobrada aos passageiros também seja reajustada para recompensar os custos com o aumento dos combustíveis.
"Queremos o aumento da tabela tarifária. O Governo, através do Conselho Municipal, deve a curto rever a tabela tarifaria. Com este elevado preço de combustível será difícil conseguirmos receitas para o patronato, valores para pagar o imposto e despesas em casa. Nesta situação temos de fazer uma gincana para trazer e colocar pão na mesa", disse Chiganda Isaías.
Preços
Nas cidades portuárias, o custo da gasolina subiu de 66,55 meticais (um euro) para 69,53 meticais (1,05 euro) por litro, o gasóleo aumentou de 62,92 meticais (95 cêntimos de euro) para 64,66 (97 cêntimos de euros). E nas cidades fora do circuito, os preços variam, ou seja, costumam se mais caros devido a distância.
O preço do gás doméstico subiu de 60,33 meticais (91 cêntimos de euro) para 61,13 (92 cêntimos de euros) por quilo.
O ajustamento mensal, previsto em lei, acontece sempre que se verifica uma variação superior a 3% do preço-base dos combustíveis superiores (por via de variações da cotação internacional ou do câmbio do metical) ou caso haja alteração dos impostos.
No entanto, o Governo continua a subsidiar o gasóleo na agricultura, pesca artesanal e produção de energia em locais isolados, longe da rede pública.