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Moçambique: Um morto e estudantes raptados em Metuge

Lusa
6 de março de 2024

Um grupo de terroristas invadiu hoje a comunidade de Pulo, distrito de Metuge, Cabo Delgado, provocando pelo menos um morto e raptando estudantes, o que levou à fuga das populações, disseram fontes locais.

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Ankommen in Metuge, Hilfe für Mosambik
Foto: Estácio Valói

O ataque começou por volta das 09h00 locais (07h00 em Lisboa) e prolongou-se durante a tarde, tendo como resultado, além da morte, nove alunos raptados da escola secundária local.

"Entraram de manhã, começaram a disparar, mataram um velho que vinha da machamba [campo agrícola] e raptaram um número de nove alunos que saia da escola secundária de Metuge", disse uma fonte a partir da sede distrital de Metuge, onde se refugiou.

Os estudantes raptados regressavam às suas aldeias, depois das aulas. "Eles saiam da escola, em direção a Chauli, outros Nacuta e Pulo, mas não chegaram", relatou a mesma fonte.

Os insurgentes incendiaram diversas casas da população, disse outra fonte local. "Queimaram muitas casas, tudo isso em Pulo e não sei se não chegaram noutras comunidades. Porque Pulo, Nacuta e Ponto A são comunidades próximas".

Homens, crianças e mulheres deslocados (foto de arquivo)
Homens, crianças e mulheres deslocados (foto de arquivo)Foto: Alfredo Zuniga/AFP

Fuga com crianças

Nas últimas horas, as populações de Pulo, Nacuta, Ponto A e Chauli abandonaram as suas comunidades em direção à sede distrital de Metuge a sensivelmente 30 quilómetros, onde procuram refúgio - a maioria fugindo com crianças.

"Estão a chegar, a situação é realmente difícil e estão todos com crianças e mulheres grávidas. É triste ver", lamentou uma fonte a partir de Metuge, onde acolheu familiares da esposa.

A presença das Forças de Defesa e Segurança alimenta agora a expectativa entre os moradores. "Passaram muitos militares, acho que a situação poderá se normalizar", disse outra fonte da comunidade.

Symbolbild I Flucht und Migration
Deslocado com crianças e mulheres grávidas em Matuge (foto de arquivo)Foto: Alfredo Zuniga/AFP

"Relativa normalidade"

Após vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.

A nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, provocou 99.313 deslocados em fevereiro, segundo estimativa divulgada esta semana pela Organização Internacional das Migrações (OIM), sobretudo (62%) crianças (61.492).

O ministro da Defesa Nacional moçambicano, Cristóvão Chume, confirmou em 29 de fevereiro ataques de insurgentes em quatro distritos da província de Cabo Delgado, mas garantiu que não se trata do "recrudescimento" das atividades terroristas no norte.

"Eu quero dizer que não é isso que está a acontecer, porque se fosse efetivamente isso, estaríamos a dizer que há distritos ou sedes distritais que estão ocupadas, sem acesso das populações. O que aconteceu é que há grupos pequenos de terroristas que saíram dos seus quartéis, lá na zona de Namarussia - que temos dito que é a base deles -, foram mais a sul, atacaram algumas aldeias e criaram pânico", disse Cristóvão Chume.

Cabo Delgado: O conflito estará longe do fim?

União Europeia

O governante, que falava aos jornalistas, em Maputo, após um encontro com uma missão de alto nível da União Europeia, garantiu que a situação em Cabo Delgado "continua estável, não obstante as últimas ocorrências no sul da província".

"Como se sabe, algumas aldeias nos distritos de Quissanga, Metuge, Ancuabe, Chiùre, sofreram alguns ataques, que originaram um deslocamento da população mais a sul, para a província de Nampula, e também para outros distritos de Cabo Delgado", reconheceu.

De acordo com o governante, é preciso apostar em programas de desenvolvimento para "minimizar o risco de radicalização" e "prevenir a reemergência do terrorismo".

Ainda assim, alertou: "Não queremos dizer com isso que não há ocorrências de terrorismo, há sim. E nós vamos continuar a combater, mas não há de voltar a acontecer o que aconteceu no passado. Nós estamos firmes nisso, mas vamos assistir a situações como estas que aconteceram em Chiùre, em Metuge, e outras zonas, de haver alguns ataques que não poderemos evitar".