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Moçambique: Morreu líder histórico Sérgio Vieira

16 de dezembro de 2021

Morreu esta quinta-feira (16.12) Sérgio Vieira, vítima de doença, na África do Sul. A figura histórica contribuiu para independência de Moçambique e foi central no formação do primeiro Governo do país.

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Sérgio Vieira
Foto: Adiodato Gomes

Logo a seguir a independência de Moçambique, em 1975, Sérgio Vieira assumiu cargos de relevo no Governo, tendo sido, por exemplo, governador do Banco de Moçambique, ministro da Administração Interna, ministro da Segurança, ministro da Agricultura e governador do Niassa. O líder histórico foi ainda deputado na Assembleia da República. Para além da política esteve envolvido também no mundo das artes, onde fez poesia.

Nasceu na província central de Tete, em 1941. Contestatário do regime colonial português, Vieira tornou-se nacionalista e por isso perseguido pela PIDE, a polícia política portuguesa. Na Casa dos Estudantes do Império, em Portugal, o centro de ebolição do nacionalismo, ganhou impulso para continuar com a sua causa. Não chegou a terminar o curso de direito, pois mais uma vez foi alvo de perseguição.

Depois disso juntou-se a FRELIMO, na altura movimento que lutava contra a ocupação colonial portuguesa. Elaborou um relatório sobre o assassinato de Eduardo Mondlane, em 1969, na altura líder do movimento. Numa entrevista concedida à DW, em 2014, garantiu: "Eu não tenho a minha versão, tenho a versão".

Eduardo Mondlane
Eduardo Mondlane (dir.), primeiro presidente da FRELIMOFoto: casacomum.org/ Documentos Mário Pinto de Andrade

E líder histórico conta que "houve uma asneira que alguém publicou de que Mondlane foi assassinado no escritório, é mentira, não foi assassinado no escritório. Ele recebeu a encomenda quando estava a sair do escritório e foi Silvério Nuco que lhe trouxe a encomenda [...] Mondlane gostava de andar descalço na praia [...] e quando ele abriu a encomenda rebentou."

Sérgio Vieira foi também diretor geral do Gabinete do Plano de Desenvolvimento do Zambeze (GPZ)

Alvo de suspeição

Apesar do valioso contributo que deu ao seu país, Vieira era visto com muita suspeita. Isso se deveu a sua participação ativa na inteligência nos primeiros anos de Moçambique independente.

Nos últimos anos de vida, fora da política ativa, notabilizou-se por criticar o Governo liderado pelo partido que ajudou a fundar, a FRELIMO, bem com as suas lideranças. As suas entrevistas, onde deixavam transparecer bastante descontentamento, causavam bastante polémica pela frontalidade que lhe era característica. 

Alguns textos "ácidos" contra o partido histórico chegaram a ser atribuídos indevidamente à Vieira.

Diversos setores consideram que o nacionalista terá sido ostracizado pelo "sangue novo" da FRELIMO.

Vieira fala sobre assassinato do líder histórico da FRELIMO

Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África