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Moçambique: Doentes abandonam hospitais por causa da greve

Jovenaldo Ngovene (Tete)
3 de maio de 2024

Na província central de Tete, a semana foi caraterizada pelo abandono de doentes em hospitais e morosidade no atendimento. E o cenário é descrito pelos utentes como bastante crítico e apelam solução por parte do Governo.

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Hospital em Tete
A greve terá uma duração de 30 dias, podendo terminar antes, caso o Governo ceda à pressão dos profissionaisFoto: Jovenaldo Ngovene/DW

A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) organizou a greve que começou na última segunda-feira (29.04). Sem conceder entrevista à DW, o representante da APSUSM na província de Tete, José Mnjira, esclareceu que a greve desta vez é motivada pela falta de cumprimento, por parte do Governo, dos pontos que constam do caderno reivindicativo apresentado no ano passado.

Nele, estão listadas várias exigências, como, por exemplo, o enquadramento definitivo dos profissionais no aparelho do Estado, o aumento do subsídio de risco de 5% para 10%, dos quais até este momento apenas uma parte foi satisfeita. Inclui ainda a exigência de material médico-cirúrgico e fármacos, assim como o pagamento de horas extras.

Em princípio, a greve terá uma duração de 30 dias, podendo terminar antes, caso o Governo ceda à pressão dos profissionais, ou mesmo ser prolongada no caso de não haver consenso entre as partes durante os 30 dias.

Péssimas condições

Numa ronda aos hospitais da cidade de Tete, a DW encontrou vários doentes que se lamentavam, como é o caso de Chaquila Alfredo. "O atendimento está a ser muito difícil, há muitas pessoas, outras chegam a dormir no chão, está muito difícil mesmo", lamenta este usuário.

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Encontramos também Graciano Jorge e João Mouzinho; o primeiro chegou à unidade sanitária às 7 horas, mas só foi atendido às 11, e classificou de péssima a situação. Já Mouzinho chegou às 6 e até às 12 horas ainda não tinha sido atendido. "Imagine um doente que chega em estado grave e não é atendido porque os enfermeiros não estão, é alarmante", disse.

"Há pessoas que chegaram às 5 horas para marcar a fila cedo, mas acabaram por abandonar por não terem sido atendidos", conta.

Adesão à greve

Entretanto, a greve anunciada como nacional não teve adesão em todas as províncias, como é o caso de Sofala que se absteve completamente, enquanto em Niassa os profissionais trabalham apenas no horário normal, sem cumprir as horas extras.

Nas províncias onde a greve está em curso, os médicos e os estagiários é que estão a assegurar o atendimento dos doentes, mas em número reduzido que não consegue responder cabalmente à demanda.

Em comunicado, o Ministério da Saúde refere não haver motivos para a convocação da paralisação das atividades, uma vez que o processo de negociação decorre num ritmo satisfatório. Mas esta posição não constitui verdade, segundo José Mnjira, representante da APSUSM na província de Tete. Já a população só quer o diálogo, como referiram João Mouzinho e Graciano Jorge. "Pedimos a quem é de direito para resolver este assunto porque nós é que estamos a sofrer. O Governo deve conversar com os enfermeiros para que não haja esta greve".

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