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Moçambique celebra os Acordos de Paz

4 de outubro de 2011

Assinala-se nesta terça-feira (4.10.) o dia da Paz em Moçambique. Paz, que segundo o líder da Renamo, Afonso Dhlakama está a ser ameaçada pela Frelimo, no poder, ao não cumprir o Acordo Geral, assinado em 1992.

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19 anos depois do fim da guerra civil em Moçambique, Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição, intensifica o seu discurso de retorno a guerraFoto: Ismael Miquidade

O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, tem estado ultimamente a ameaçar voltar a pegar em armas: “Estou a dizer que é a forma de conseguir manter a democracia e paz em Moçambique ou a Frelimo é que vai exigir uma situação sangrenta no país. A decisão está tomada."

Ele acusa o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, de não querer dialogar com o seu partido e de não querer debater questões de desenvolvimento do país.

Também relativemente a esta falta de diálogo, como considera a Renamo, Afonso Dhlakama promete liderar uma “Revolução Popular” para desalojar a Frelimo do poder e restabelecer a nova ordem política antes do dia 25 de Dezembro. O líder da oposição, entretanto, garante uma coisa: “Não é para o Dhlakama ir ao palácio de imediato. Nós somos democratas."

Armando Emilio Guebuza
Outro plano do presidente da Renamo, é derrubar o partido Frelimo do poder. Dhlakama também exige diálogo com o presidente do país, Armando Guebuza, na imagemFoto: picture-alliance/dpa

Afonso Dhlakama renova as suas promessas como líder da oposição

O líder do partido da perdiz, como também é conhecida a Renamo, promete, "se derrubar a Frelimo, criar um governo de transição no país e e de seguida um governo de transição durante três anos para despartidarizar a função pública".

O lider da Renamo já sabe exatamente como fazer isso, ele explica que vai “retirar a Frelimo das escolas, hospitais, da polícia, tribunais e do exército e retirá-lo também dos negócios privados”.

Ainda de acordo com Dhlakama a Frelimo está a retirar os generais da Renamo do exército, violando o acordo de paz, embora garante que esta não seja a sua preocupação: "Eu quero pressionar a Frelimo a explicar-me qual é a estratégia de Armando Guebuza ao desmontar os generais da Renamo, brigadeiros, comandantes e até praças para lhes dar reforma.”

Políticos conspiram contra a paz

Por seu turno, o líder do Partido para Paz e Democracia e Desenvolvimento, Raúl Domingos, fala de alguns políticos, numa clara alusão à Frelimo, que "conspiram contra a paz e promoverem a exclusão".

Para Raúl Domingos “existe insensatez de alguns políticos que à luz do dia gritam e clamam pela paz, mas em privado conspiram contra a paz, aprovando leis regulamentos e normas que promovem a exclusão, a discriminação e a repressão de milhões de moçambicanos sob argumento de que o Acordo Geral de Paz já é um instrumento fora de uso e caduco.”

Joachim Chissano ehemaliger Präsident von Mosambik
Joaquim Chissano era o presidente de Moçambique na altura em que se alcançou o Acordo Geral de Paz para Moçambique. Em Roma, na Itália, onde decorreram as negociações, ele teve um papel preponderanteFoto: OFW

Apelos ao diálogo como forma de ser preservada a paz

Américo Sardinha, da Comunidade Sant´Egídio, promotora do Acordo Geral de Paz em Moçambique, apela por seu lado à preservação desta através do diálogo. Para este grupo religioso “O diálogo revelou-se como a arma mais inteligente e mais pacífica." Américo Sardinha considera que os moçambicanos perceberam isso há muitos anos. Ele conclui: "Nada se perde com o diálogo. Não há futuro com a guerra, não existe alternativa ao diálogo e ele é uma arma simples ao alcance de todos”.

Dom Dinis Sengulane, líder religioso, também diz que só o diálogo é que pode manter a paz em Moçambique e para ele certos políticos devem evitar palavras violêntas.

“Onde quer que fale, seja com quem for, a sua linguagem deve sempre inspirar paz e nunca violência", explica Dom Dinis Sengulane.

Moçambique está em paz há 19 anos e convém lembrar que o país viveu uma guerra civil que durou 16 anos, que começou pouco depois da independência do país em 1975, matou quase um milhão de pessoas e fez quatro milhões de refugiados.

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Nádia Issufo/António Rocha