Moçambique celebra a independência focado no terrorismo
25 de junho de 2023Moçambique celebra, este domingo (25.06), 48 anos da sua independência nacional. E há razões para celebrar, disse, esta manhã, em Maputo, o Presidente da República, Filipe Nyusi, destacando que 31 anos depois do Acordo Geral de Paz, "o país já não tem nenhum partido oficialmente político e armado".
A RENAMO e o Governo têm divergido por causa das alegadas fraudes eleitorais reclamadas pelo partido de Ossufo Momade que, em declarações recentes, afirmou que "a fraude eleitoral foi sempre motivo para desentendimentos com o Governo". Este domingo, na Praça dos Heróis, Filipe Nyusi frisou que "as batalhas políticas devem ser feitas na base dos ditames legais e constitucionais".
Combate ao terrorismo está no fim
Na mesma ocasião, o chefe de Estado referiu que o terrorismo é um dos desafios que o país enfrenta atualmente. No entanto, lembrou, "nos últimos tempos, tem-se verificado o retorno das populações às zonas de origem devido às ações combinadas das forças armadas de Moçambique e ruandesas".
Também em declarações, em Maputo, o antigo chefe de Estado Joaquim Chissano afirmou que, aos poucos, o país está a conseguir travar o terrorismo, uma vez que "a situação não está como começou". "[O país] está a sair porque há um combate conjunto de todos. Todo o povo está empenhado no combate ao terrorismo", disse.
O antigo estadista acredita que este é um "inimigo" que, com "a força de todos", será vencido. "É um inimigo porque não sabemos muito bem de onde vem e o que eles querem, mas destrói, mata e mutila as populações".
O Presidente moçambicano fez uma radiografia ao desenvolvimento do país, tendo destacado os avanços alcançados no pós-independência nos setores da educação, saúde e agricultura. Filipe Nyusi lembrou que, em vários setores, o desenvolvimento no tempo colonial beneficiava os interesses do colono.
"Estado falhado"
Também em declarações, este domingo, o delegado político do Movimento Democrático de Moçambique em Maputo, Augusto Pelembe, diz que não se percebe como é que num país com tantos recursos e com 48 anos, a maior parte da população viva com menos de um dólar por dia.
"Moçambique é um país com diversos recursos, como gás, ouro e carvão. Tem uma costa para turismo, tem a maior quarta baía do mundo e tem as maiores riquezas naturais, mas nada disto se traduz no dia a dia dos moçambicanos", lamenta.
Para o MDM, os 48 anos traduzem-se num Estado falhado. "É um Estado no qual cresceu a cabeça e não o corpo e isso deixa-nos tristes, porque estamos com medo do que será Moçambique daqui a cinco ou 10 anos", disse Augusto Pelembe.
"Fraco desenvolvimento"
Também o analista Wilker Dias entende que, com os recursos naturais, aos 48 anos de independência, o país devia estar noutro patamar: "passados 48 anos, o grande desejo dos moçambicanos era ter um país mais inclusivo, mais transparente, um país onde as pessoas deviam estar mais livres", diz o analista.
Wilker Dias entende que há falta de visão política para o desenvolvimento do país e acrescenta que o clientelismo "está a minar Moçambique".
"A ausência de exercício de alguns cargos ou funções por conta da competência acaba minando a perspetiva de desenvolvimento", diz.
O analista entende que o país deve deixar de olhar para as cores partidárias para o exercício de um cargo ou função: "devemos começar a pautar um pouco pela competência e isto poderá de certa forma levar o país a sair deste estágio".