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Ministro alemão exige tomada de posição do governo do Mali

10 de agosto de 2012

Depois de um homem no norte do Mali ter suas mãos cortadas porque furtou uma motorizada, a comunidade internacional pressiona ainda mais as autoridades do Mali para acabar de uma vez por todas com o conflito no país.

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Foto: Getty Images

Os islamistas fundamentalistas na cidade de Ansongo, no norte do Mali, cortaram a mão de um homem esta semana, motivados pelo furto de uma motorizada. A informação foi divulgada na quinta-feira (9.08) pelo Movimento pela Unidade e Jihad na África Ocidental (Mujao). Grupos fundamentalistas controlam o norte do Mali desde abril.

A atitude causou reações contrárias em todo o mundo. Inclusive nos países vizinhos e na Alemanha. O ministro alemão do Desenvolvimento e da Cooperação, Dirk Niebel, que esteve no Mali nesta quinta-feira, já disse que a situação humanitária no local é inaceitável. Agora, Niebel pressiona Bamako para uma solução do conflito que divide o Mali.

Entenda o conflito

Apesar de considerar a situação inconcebível, o ministro alemão teve que conceder que, neste momento, o seu ministério pouco pode fazer pelas pessoas no norte do país: "Só levamos a cabo medidas que nada têm a ver com o governo e das quais a população beneficia diretamente. Desde que sejam programas compatíveis com a situação de segurança. Só vamos resumir a cooperação para o desenvolvimento quando estiver restabelecida a ordem constitucional."

Mas como conseguir a ordem constitucional no Mali é o que muitas autoridades se interrogam. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) tenta mediar o conflito, pressionando Bamako para formar um governo de unidade nacional, negociando com os fundamentalistas no norte - cujo objetivo é impor ao país a lei islâmica "sharia".

Dirk Niebel in Mali
Presidente interino do Mali, Dioncounda Traoré, recebeu o ministro Dirk NiebelFoto: picture-alliance/dpa

O que já foi feito

Para libertar o norte do Mali, a CEDEAO já ameaçou o país com uma intervenção militar internacional. Mas por enquanto, a estratégia múltipla não produziu qualquer resultado.

O Governo de Bamako ignorou o ultimato da CEDEAO em julho, e o seu prolongamento que expirou nesta sexta-feira (10.08). Mas ainda assim, o ministro alemão Niebel ainda tem esperanças que o novo governo seja formado dentro das próximas duas semanas. "E depois deve ser elaborado um plano de ação com objetivos claramente reconhecíveis", defende.

Também o segundo pilar da estratégia da CEDEAO, as negociações com os rebeldes no norte, não produz efeito discernível. O ministro dos negócios estrangeiros do Burkina Faso, Djibril Bassolé, que dirige as negociações da CEDEAO, já se deslocou ao norte do Mali para encontrar representantes de vários grupos islamistas, entre os quais o Mujao.

Mas a noção de negociações com os fundamentalistas, que não hesitam em cortar mãos, é controversa mesmo no Mali. O jornalista local Drissa Sangaré explica à DW Áfreica que nem todos no país são a favor destas negociações: "Por exemplo, o presidente da câmara da cidade de Gao, ocupada pelos islamistas, opôs-se às negociações, por considerar não haver aqui nenhum interlocutor no qual se possa confiar."

Krise im Norden von Mali Flüchtlinge in Burkina Faso
Refugiados do Mali no Burkina FasoFoto: picture-alliance/dpa

Daqui para frente

A CEDEAO insiste, no entanto, em negociar. Mas, entretanto, também foram iniciadas, em Bamako, consultas de peritos militares da CEDEAO sobre uma possível intervenção armada. A comunidade afirma ter mais de três mil soldados à disposição. Mas as Nações Unidas ainda não lhe conferiram o mandato necessário.

Também o governo do Mali hesita. O ministro alemão, Niebel, não exclui uma solução militar. Para o político liberal, as questões de segurança formaram o cerne das suas consultas em Bamako.

Henner Papendieck, que durante 17 anos orientou projetos de desenvolvimento no norte do Mali, lembra que, quando regressar a paz, o ministério de Niebel terá muito que fazer.

"O Mali tem perto de 300 mil deslocados internos e refugiados que atravessaram as fronteiras. Todos vão querer regressar. Uma parte das casas foi destruída e os poços estão inutilizáveis. Vão ser necessários grandes esforços para restabelecer a normalidade", lembra Henner Papendieck.

Autores: Peter Hille / Kossivi Tiaossou / Cristina Krippahl
Edição: Bettina Riffel / António Rocha

10.08 Mali Niebel - MP3-Mono