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Maputo ainda é a solução para o desemprego

Ernesto Saúl (Maputo)6 de maio de 2015

A capital moçambicana continua a ser o "El Dorado" para muitos jovens moçambicanos. Entretanto nem sempre os sonhos são realizados, devido a vários fatores como é o caso da forte concorrência no mercado de trabalho.

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Jovens lavadores de viaturas na cidade de Maputo, MoçambiqueFoto: DW/E. Saúl

A procura de um emprego digno, não apenas para a satisfação de necessidades básicas como alimentação, vestuário e educação, concorre para os altos níveis migratórios para a capital do país, protagonizados maioritariamente por jovens.

Entretanto, o sonho de vida próspera nem sempre é realizado e o comércio informal torna-se alternativa. Lavagem de viaturas, venda de alimentos confecionados e de telemóveis tornaram-se alternativas face ao cenário de desemprego.

Jorge Araújo veio de Mocuba, província da Zambézia, com esposa e filhos, a procura de emprego como marinheiro. Ainda não atingiu o seu objectivo, por isso vende recargas de telemóveis na baixa da cidade de Maputo: "Vim para muitas coisas, mas aqui é um sítio onde preciso me encaixar um pouco para ver o que posso fazer no futuro. Sou marinheiro."

Mosambik Salimo Alberto
Salimo Alberto em plena atividadeFoto: DW/E. Saúl

Mas as coisas não correm tão bem para o marinheiro: "Já fiz contactos, mas não tive sucesso." Mas Araújo garante que o que consegue dá para comer.

Sub-emprego também em decadência

Juvêncio José é outro jovem da província central da Zambézia que, sem emprego, optou pelo comércio informal. Está em plena atividade, na avenida Guerra Popular e desabafa: "Está-se mal, a economia, a vida financeira já não chega, o dinheiro fugiu muito. No início fazia muito dinheiro, mas a partir de 2014 o negócio começou a diminuir."

Quando chegou a capital moçambicana Juvêncio conseguia fazer mais dinheiro, como contou à reportagem da DW África em Maputo: "Por mês conseguia até cinco mil méticais (cerca de 127 euros), mas agora não. Até para comer já é difícil."

Por seu lado, Salimo Alberto trocou apenas de negócio. Em Nampula, norte de Moçambique, vendia calçado e na capital comercializa telemóveis. Entretanto lamenta os baixos rendimentos, pois em Nampula ganhava mensalmente perto de mil euros e em Maputo, o rendimento caiu para cerca de seiscentos euros por mês.

Mas Alberto pelo menos consegue pagar as contas da sua família: "Vim a procura da vida, da sobrevivência... Quando vim para cá quiz fazer o negócio que fazia em Nampula, mas não consegui. Então, troquei de negócio, vale a pena, consigo o pão de cada dia, sobreviver, pagar o aluguer, as contas da família..."

Debates sobre desemprego são manobras de diversão, acusa Mendes

O empresário Gilberto Mendes elogia o esforço destes e de outros jovens que, no meio de enormes desafios procuram alternativas de sobrevivência.

Entretanto refere que o cenário de pobreza que afeta a maior parte da população no país deve-se a ausência de políticas claras de promoção do emprego, como é o caso do acesso ao crédito bancário.

Mosambik Straßenhändler in Avenida Guerra Popular
Uma das avenidas de Maputo onde se concentram os trabalhadores informaisFoto: DW/E. Saúl

Mas Mendes também critica: "Aqui em Moçambique temos algumas manobras de diversão também, que vão acontecendo regularmente. Realizamos muitos foruns, muitas conferências, muitos debates... Mas quando fazes a análise dos resultados palpáveis desses foruns e debates, cinco meses depois, acabas percebendo que foram fóruns onde as pessoas vão exibir a sua intelectualidade, os seus últimos fatos. Mas em termos palpáveis os ganhos reais e políticas resultantes desses mega encontros, perguntamos o que o país ganha com isso?"

E o jovem empresário acrescenta: "Vivemos muito o presente, mas nunca olhamos para o passado para perpetivarmos o futuro."

O programa quinquenal do Governo 2015/2019 prevê a criação de cerca de um milhão e quinhentos mil postos de trabalho, pouco mais de oitocentos empregos por dia, como forma de minimizar o problema.

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