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Manica: Desmobilizados acusam Governo de não cumprir acordos

Bernardo Jequete (Manica)
25 de agosto de 2023

Desmobilizados da RENAMO em Manica acusam o Governo de não cumprir com os acordos assinados no âmbito do DDR. O secretário de Estado da província diz que o processo ainda é "complexo" e "delicado" e pede paciência.

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Aus dem DDR-Prozess Demobilisierte in der mosambikanischen Provinz Manica fordern ihre Rechte
Foto: Bernardo Jequete/DW

Os desmobilizados da RENAMO na província moçambicana de Manica dizem estar a passar fome devido à falta de pagamento das pensões, alegam falta de habitação própria e de outras condições para a sua comodidade na sociedade. 

André Matsangaíssa Júnior, desmobilizado da RENAMO na província e desertor da Junta Militar, alega que os desmobilizados vivem em condições precárias e pede ao Governo a resolução dos problemas antes que se crie um ambiente de terror como forma de pressionar o cumprimento dos acordos.

Matsangaíssa Júnior argumenta ainda que não são considerados nas comunidades e apela aos líderes comunitários para que respeitem os desmobilizados residentes na sua área de jurisdição.

"Porque com AK47, esses homens não morriam à fome, não dormiam sozinhos, usavam o que queriam e faziam tudo o que vocês fazem aqui dentro da cidade. Gostaria que o governo criasse essas condições, que fosse mais célere a pagar esses homens porque são ‘búfalos feridos'. Estou a pedir para que os partidos tenham respeito para com os desmobilizados porque os nossos amigos nos perdem respeito", argumenta.

André Matsangaíssa Júnior
André Matsangaíssa Júnior alega que os desmobilizados vivem em condições precáriasFoto: Bernardo Jequete/DW

"Processo de DDR ainda é complexo"

Luís Elias Matundo é outro desmobilizado no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) que lamenta a situação em que vivem desde que foram desmobilizados e pede ao Governo que apresente uma solução.

"Agora estamos aqui a sofrer, não temos casa, as crianças sofrem,  não temos terrenos. O dinheiro está onde? Dizia-nos que quando saíssemos teríamos projetos. Onde estão? Foi tudo mentira. Queremos paz em Moçambique, e se não cumprirem, não acaba o conflito em Moçambique", ameaçou.

Em entrevista à DW, o secretário de Estado na província de Manica, Dick Cassotche, garante que vai reunir-se brevemente com os desmobilizados para perceber de perto os problemas que enfrentam.

"O processo de DDR ainda é complexo. Temos que ter muita paciência porque muitas vezes tiramos conclusões precipitadas. Há vários níveis de pessoas implicadas. Então, dentro do meu nível, tenho que ainda ouvir essas pessoas e depois reportar à sua excelência o Presidente da República. Além disso, as pessoas recebem um talhão e não fazem nada. Vendem o talhão e a culpa é do Governo. Recebem o Direito do Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT), não fazem nada com o DUAT e a culpa é do Governo", explicou o secretário de Estado na província de Manica.

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