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Mali: Junta militar avança para transição de dois anos

Lusa
21 de abril de 2022

Junta no poder no Mali desafia seus parceiros regionais ao anunciar um processo de transição que durará dois anos, depois de lhe ter sido pedida a organização de eleições no prazo máximo de 16 meses.

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Mali Bamako Junta-Chef Assimi Goita (R) mit Premier Maïga
Primeiro ministro Choguel Kokalla Maïga (esq) o coronel maliano Assimi Goita (dir).Foto: FLORENT VERGNES/AFP

À semelhança da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, onde os militares tomaram o poder em setembro de 2021 e janeiro de 2022, respetivamente, o Mali está sob pressão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende que as juntas militares nos três países devolvam rapidamente o poder aos civis.

Os três países foram suspensos da organização devido aos golpes militares.

O Mali também está sujeito a pesadas sanções económicas decididas pela CEDEAO e que segundo disse hoje perante o Conselho Nacional de Transição (CNT) o primeiro-ministro maliano, nomeado pelos golpistas, Choguel Maïga, viola os "textos constituintes" da organização regional.

O CNT, cujos membros foram nomeados pelo coronel Assimi Goïta, que lidera a junta maliana desde maio de 2021, atua como um órgão legislativo.

"Devo dizer que as discussões com a CEDEAO continuam", disse Choguel Maïga perante o CNT.

Ghana Accra | Economic Community of West African States | ECOWAS
Cimeira extraordinária da CEDEAO para discutir a transição no Mali, a 9 de janeiro (foto de arquivo).Foto: IVORY COAST PRESIDENTIAL PRESS SERVICE/REUTERS

CEDEAO

Em março, a CEDEAO exigiu a organização de eleições no Mali no prazo de 12 a 16 meses, mas numa visita a Bamaco do seu mediador para a crise maliana, o ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, este não conseguiu convencer os militares a fixarem o período de transição abaixo dos dois anos.

Apesar das tensões, Choiga garantiu que o contacto não foi rompido. 

"Há missões que estão previstas para os próximos dias para levar, esperamos, a um acordo", disse, sem mais detalhes.

"Esperávamos semana após semana encontrar um acordo com a CEDEAO para acelerarmos o processo (...), mas chegamos a um ponto em que perdemos três meses em discussões e hoje decidimos não esperar mais", disse Maïga no CNT.

"A partir deste momento estamos a iniciar o processo de aplicação de todo o plano de transição para os dois anos que foram referenciados" pelo Presidente da transição, acrescentou.

Mergulhado desde 2012 numa profunda crise de segurança que o envio de forças estrangeiras não conseguiu resolver, o Mali passou por dois golpes militares desde agosto de 2020.

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