Malawi repete eleições presidenciais após fraudes
22 de junho de 2020O país no sudeste de África e vizinho de Moçambique é o segundo do continente africano a cancelar eleições para o mais alto cargo da nação, depois do Quénia, em 2017.
O novo ato eleitoral tem como principais candidatos novamente Peter Mutharika, com 79 anos e no poder desde 2014, e o rival Lazarus Chakwera, com 65 anos. O terceiro candidato, Peter Kuwani, apresenta poucas hipóteses de atrapalhar o frente-a-frente de Mutharika e de Chakwera.
A Comissão Eleitoral proclamou Mutharika vencedor das eleições de 21 de maio de 2019, com 38,57% dos votos, quase 160 mil a mais do que os obtidos por Chakwera, com 35,41%.
No entanto, Chakwera e outros candidatos consideraram os resultados fraudulentos, apontando irregularidades em numerosos boletins de votos.
Durante vários meses, o Malawi, habitualmente um país pacífico, teve nas ruas manifestações da oposição, com casos de violência com as forças da ordem e diversas audiências perante o Tribunal Constitucional.
Para surpresa geral, os juízes anularam em fevereiro o escrutínio, confirmando "irregularidades generalizadas e sistemáticas".
O chefe de Estado denunciou então "um golpe de Estado judiciário" e recorreu, mas a decisão de repetição do ato eleitoral foi confirmada em maio.
Campanha em plena pandemia
Apesar da pandemia de Covid-19, tanto Mutharika como Chakwera participaram em várias ações de campanha, multiplicando contactos com milhares de apoiantes, à revelia de todas as regras sanitárias.
Mais de 600 casos de Covid-19, incluindo oito mortos, foram identificados até ao momento no Malawi, um dos países mais pobres do planeta. Segundo o Banco Mundial, mais de metade dos seus 17 milhões de habitantes vive abaixo da linha de pobreza.
Em abril, milhares de cidadãos, que sobrevivem de negócios quotidianos e do comercio informal, saíram às ruas para se oporem ao confinamento decretado por Peter Mutharika para impedir a propagação do novo coronavírus.
O sistema judicial decidiu suspender a ordem presidencial por tempo indeterminado, com o argumento de que não previa qualquer ajuda a quem seria privado dos seus rendimentos.