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Madagáscar: Protestos culminam nas eleições presidenciais

Manuel Oliveira | com agências
16 de novembro de 2023

Os malgaxes elegem hoje o novo presidente do país. Isto, após as últimas semanas terem sido marcadas por protestos da oposição e um clima tenso na capital do país.

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Madagaskar Antananarivo | Blick über die Stadt
Foto: picture alliance/imageBROKER

Madagáscar dirige-se hoje (16.11) às urnas para eleger o próximo Presidente. Além do atual Chefe de Estado, vão a eleições outros 11 candidatos, que apelaram à população um boicote às urnas.

As eleições marcam o culminar de mais de um mês e meio de protestos nas ruas de Antananarivo, capital de Madagáscar. A oposição tem-se manifestado contra a recandidatura de Andry Rajoelina, atual presidente, e apelou à população que não fosse votar.

Em causa está um pedido de nacionalidade francesa. Onze candidatos da oposição formaram um Coletivo de Candidatos que deu início aos protestos, e afirmam que Rajoelina deixou de ser elegível por ter pedido a dupla nacionalidade francesa em 2014. Vários apoiantes do Coletivo dos 11, como tem sido chamado, afirmam não querer um "estrangeiro” a liderar o país. 

Ravaozandry Soa Fiavinirina, presente nos protestos, diz que é necessário "mudar de mentalidade”.

"Nós não precisamos de um estrangeiro a gerir o país. Precisamos de pessoas como nós, de Madagáscar”, afirma a cidadã.

Fiavinirina lamenta a situação económica de Madagáscar e diz que "só os estrangeiros é que ficam ricos” no país.

"Nós só ficamos pobres. Olhem para a nossa economia: nós só estamos a ficar mais pobres. Por isso é que estou a protestar, pelos meus filhos, pelos meus descendentes”, acrescenta a malgaxe.

Tsitohaina Ravalomahanina, outro apoiante da oposição, diz não ver futuro numa reeleição de Rajoelina.

"Se continuarmos com Rajoelina por mais cinco anos a nossa vida vai piorar ainda mais. Eu tenho muitos planos, mas não consigo fazer nada, é como se a vida nunca mudasse”, afirma o manifestante.

Um golpe de Estado em curso?

Outra das razões que levou aos protestos foi a nomeação do primeiro-ministro, Christian Ntsay, como chefe de Governo provisório. O Coletivo dos 11 afirma que as circunstâncias pouco claras da situação sugerem a existência de "um golpe de Estado em curso”.

Os protestos foram também marcados por violência policial, segundo os manifestantes. Hajo Andrianainarivelo, candidato presidencial, acusa a polícia de ser autora de confrontos. 

"Nós estamos aqui pacificamente. Se existem ferimentos ou mortes é a polícia que as está a causar”, explica o candidato.

Após a abertura das urnas, hoje pela manhã, Andry Rajoelina, candidato e atual Presidente do país deixou um apelo à população e alertou a oposição. O atual chefe de estado diz encorajar "todos os cidadãos a votar porque é um direito fundamental” e relembra que "impedir as pessoas de votar vai contra a lei”.

Apesar do boicote às eleições aclamado pela oposição, muitos malgaxes dirigiram-se às urnas, durante o dia de hoje, para exercer o direito de voto.

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