Líbia: Filho de Khadafi de volta à corrida presidencial
3 de dezembro de 2021Um tribunal no sul da Líbia restabeleceu a aprovação formal da candidatura de Seif al-Islam Kadhafi, filho do antigo ditador Muammar Kadhafi, às eleições presidenciais de 24 de dezembro.
Seif al-Islam apresentou um recursoesta quinta-feira (02.12) depois de a Alta Comissão Eleitoral (HNEC) da Líbia, a 24 de novembro, rejeitar a sua candidatura pelo não cumprimento das disposições da lei.
Dezenas de apoiantes do candidato comemoram a decisão do lado de fora do tribunal de Sabha, uma cidade semidesértica localizada cerca de 650 quilómetros a sul de Trípoli.
A aprovação da candidatura do filho de Kadhafi acontece depois de uma série de incidentes. Durante cerca de uma semana, apoiantes do "homem forte" do leste da Líbia, Khalifa Haftar, também ele próprio candidato presidencial, bloquearam o acesso ao tribunal, causando "grande preocupação" ao Governo interino e à própria ONU, que temeram um retrocesso no processo eleitoral.
Tensões
Esta quinta, os apoiantes de Haftar abandonaram o perímetro do tribunal e permitiram que os três magistrados e os advogados de Seif al-Islam Kadhafi entrassem no edifício para entregar o pedido de recurso, que acabaria por ser aceite. No dia anterior, dezenas de pessoas manifestaram-se em Sabha, num clima de tensão, para denunciar o que chamaram de "atentado ao trabalho da justiça".
Seif al-Islam, de 49 anos, foi condenado à morte em 2015 após um julgamento apressado, antes de receber uma amnistia. Desaparecido da vida pública, apresentou a candidatura às presidenciais em meados de novembro, contando com o apoio de nostálgicos do antigo regime, dececionados com a interminável transição política, mergulhada um caos e com 10 anos de guerra civil pelo meio.
A situação política na Líbia permanece confusa, pois está ainda por confirmar oficialmente uma decisão, tomada a 30 de novembro, de um tribunal de Zawiya, no oeste do país, que, segundo a imprensa local, determinou a exclusão da candidatura de Haftar, líder da fação que controla o leste do país, às presidenciais.