Líbano: Manifestantes pedem responsabilização por explosões
8 de agosto de 2020Milhares de pessoas invadiram, este sábado (08.08), a praça principal de Beirute num protesto contra o governo, após as explosões que destruíram a capital do país, na passada terça-feira.
Os confrontos começaram com a polícia a lançar granadas de gás lacrimogéneo, enquanto os manifestantes atiravam pedras e tentavam chegar em frente ao Parlamento, no centro de Beirute.
De acordo com o porta-voz das autoridades libanesas, um polícia foi morto durante os protestos. A Cruz Vermelha dá conta do registo de, pelo menos, 110 feridos.
Os manifestantes gritaram, entre outras frases "o povo quer a queda do regime"e ergueram cartazes onde se podia ler: "Saiam, todos vocês são assassinos".
Entretanto, e ao mesmo tempo que as atenções das autoridades estavam focadas na praça principal de Beirute, um grupo de manifestantes liderado por oficiais reformados do exército libanês invadiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros e declarou-o o quartel-general da revolução.
"Estamos a assumir o Ministério dos Negócios Estrangeiros como sede da revolução", disse Sami Rammah, um dos oficial reformados, que falava num altifalante nos degraus da frente do edifício do ministério.
"Apelamos a todo o angustiado povo libanês para que tome as ruas para exigir a acusação de todos os corruptos", acrescentou.
Eleições antecipadas
O primeiro-ministro do país, Hassan Diab, já reagiu, afirmando que a solução para a crise profunda em que o país se encontra passa pela realização de eleições antecipadas.
"Convido as partes a chegarem a um acordo sobre o próximo passo (...) Proporei na segunda-feira, a convocação de eleições antecipadas", disse Diab num discurso transmitido pela televisão.
Ajuda internacional
Dois dias após uma visita histórica do Presidente francês, Emmanuel Macron, a atividade diplomática intensificou-se em Beirute para organizar apoio internacional ao país atingido.
Para este domingo (09.08) está agendada uma videoconferência de doadores que, segundo explicou o Presidente francês, pretende "mobilizar financiamento internacional, dos europeus, dos americanos, de todos os países da região, para fornecer medicamentos, cuidados de saúde e alimentos" ao país.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, juntou-se, este sábado (08.08), ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, numa breve visita ao país para discutir os planos de doação.
"Pretendemos incluir um novo tópico na agenda do Conselho Económico e Social para fornecer apoio contínuo e duradouro ao Líbano", disse Abul Gheit, após se ter reunido com o presidente libanês Michel Aoun.
Também o Governo da Áustria anunciou hoje que vai desbloquear um milhão de euros para ajudar o país. Estes fundos serão disponibilizados à Cruz Vermelha e ao Crescente Vermelho, bem como a Organizações Não Governamentais (ONG) austríacas, a fim de fornecerem comida e alojamento às vítimas das explosões.
Novo balanço
Este sábado (08.08), o Ministério da Saúde do Líbano fez saber que o número de mortos provocado pelas explosões no porto, na terça-feira, subiu para 158 mortos. O número de feridos ascende já os seis mil.
O ministério reviu ainda em baixa o número de pessoas desaparecidas, indicando existirem 21, quando até agora tinha referido várias dezenas.
Entretanto, a embaixada da Síria anunciou que 43 dos seus cidadãos estavam entre as vítimas. Também a Holanda fez saber que a mulher do embaixador holandês no Líbano, Jan Waltmans, morreu na sequência de ferimentos.