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ConflitosGlobal

Lula insiste em reforma do Conselho de Segurança da ONU

EFE | Lusa
19 de setembro de 2023

Luta contra a fome, guerra na Ucrânia e perda de credibilidade da ONU foram alguns dos temas que marcaram o começo da Assembleia-Geral das Nações Unidas. Presidente brasileiro pediu reforma do Conselho de Segurança.

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Lula da Silva, Presidente do Brasil
Foto: Richard Drew/AP/picture alliance

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, abriu os debates da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), esta terça-feira (19.09), com uma mensagem contra a fome, a pobreza e as desigualdades que existem no mundo.

"A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã", disse.

"O mundo está cada vez mais desigual. Os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre da mãe. A parte do mundo em que vivem os seus pais e a classe social à qual pertence a sua família irão determinar se essa criança terá ou não oportunidades ao longo da vida", acrescentou.

ONU perde credibilidade

Depois de elencar problemas causados pela desigualdade, o Presidente brasileiro defendeu que "é preciso antes de tudo vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenómeno natural. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo".

O estadista disse também que "o Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente a sua credibilidade. A sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior e presentatividade e eficácia".

Segundo Lula, a alegada fragilidade do Conselho de Segurança "decorre em particular da ação dos seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime".

EUA focados no conflito Rússia-Ucrânia

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu também nesta Assembleia que nenhum país estará seguro na sua independência se a Ucrânia perder a guerra contra a Rússia.

USA | US Präsident Joe Biden
Joe Biden, Presidente dos EUAFoto: Celal Gunes/AA/picture alliance

Biden afirmou que é necessário o apoio militar contínuo ao Governo da Ucrânia para defender a integridade territorial do país e para "dissuadir" a Rússia de invadir outros países no futuro. "Se abandonarmos os princípios básicos da Carta da ONU, algum Estado-membro poderá se sentir seguro? Se permitirmos que a Ucrânia seja dividida, a independência de qualquer nação estará assegurada? A resposta é não", advertiu.

O Presidente americano, que desta vez não se referiu diretamente ao mandatário russo, Vladimir Putin, também ressaltou que a Rússia é "responsável por essa guerra" e que está em suas mãos acabar com o conflito "imediatamente".

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, também participarão da Semana de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU, embora Lavrov ainda não tenha chegado a Nova York e seja improvável que possa estar ao mesmo tempo no evento com o chefe de Governo ucraniano.

Ucrânia: Neutralidade

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reduziu as expetativas de qualquer progresso na resolução da guerra na Ucrânia, um conflito no qual muitos países africanos e latino-americanos optaram pela neutralidade.

UN Generalversammlung September 2023
António Guterres, secretário-geral da ONUFoto: Mary Altaffer/AP/picture alliance

Ciente disso, Biden dedicou boa parte do seu discurso a acenar para os países do Sul Global, expressando o seu compromisso com o combate à mudança climática e à insegurança alimentar, com investimentos em infraestrutura e com a regulamentação da inteligência artificial.

Sobre a China, sua grande rival, o presidente dos EUA pediu uma "gestão responsável" do relacionamento entre as duas potências e enfatizou a necessidade de cooperar com Pequim em desafios comuns, como a mudança climática. Biden garantiu que o seu país quer "um mundo mais seguro, mais próspero e mais equitativo", enfatizando que "nenhuma nação pode enfrentar os desafios de hoje sozinha".

Por esse motivo, reiterou a sua intenção de reformar o Conselho de Segurança da ONU para incluir novos membros e pôr fim ao impasse existente devido às disputas entre EUA, Rússia e China.

Força queniana no Haiti?

Biden também pediu ao Conselho de Segurança da ONU que autorize o mais rápido possível a intervenção de uma força multinacional liderada pelo Quénia para acalmar a crise de violência no Haiti, uma iniciativa que o próprio governo haitiano vem pedindo há meses.

"Eu peço ao Conselho de Segurança que autorize essa missão agora. O povo do Haiti não pode mais esperar", declarou.

Na sua análise da situação internacional, Biden também condenou os lançamentos de mísseis da Coreia do Norte, comprometeu-se a impedir que o Irão obtenha uma arma nuclear e defendeu a solução de dois estados para o conflito israelo-palestiniano.

Paris Neuer globaler Finanzpakt-Gipfel | Südafrikas Präsident Cyril Ramaphosa
Cyril Ramaphosa, Presidente da África do SulFoto: Emmanuel Durand/AP Photo/picture alliance

Posição da África do Sul

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, apelou à Assembleia-Geral da ONU para "ultrapassar" as divisões causadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, defendendo troca de prisioneiros e devolução das crianças. "Precisamos de ver estas questões resolvidas a um ritmo muito mais rápido", disse, lembrando que o seu país lidera uma iniciativa, juntamente com outros países africanos, que pretende negociar a paz entre os russos e os ucranianos com recurso à diplomacia. 

Lembrando que a invasão da Ucrânia pela Rússia originou sofrimento "também em África", através da subida dos preços e da dificuldade de acesso aos cereais, Ramaphosa mostrou-se convicto de que as divisões causadas pelo conflito "podem ser superadas".

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