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Luanda: Sindicato acusa Governo de travar protesto da ENP

Lusa
28 de julho de 2018

Marcha pelo pagamento de 56 meses de salários em atraso na Empresa Nacional de Pontes estava prevista para este sábado. Central sindical condena inviabilização do protesto. Governo provincial alega incumprimento da lei.

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Angola, Naconal Company of Bridges
Foto: DW/B.Ndomba

Uma central sindical angolana acusou o Governo provincial de Luanda de "inviabilizar" a marcha de protesto, prevista para este sábado (28.07), pelo pagamento de 56 meses de salários em atraso na Empresa Nacional de Pontes de Angola (ENP). 

"Infelizmente, a marcha não acontece [sábado] porque, à última hora, fomos informados pelo comando da polícia de Luanda que receberam um documento o Governo a alegar o incumprimento da Lei 16", explicou à Lusa o secretário-geral da Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA).

Segundo Francisco Jacinto, a mesma lei em que o sindicato se baseou para realizar a ação de protesto "é a que permite reuniões e manifestações".

"O Governo provincial vem dizer que houve incumprimento da lei, não diz o porquê, nem fundamenta. Não percebemos a postura do Governo", sublinhou.

Trabalhadores denunciam "má fé das autoridades"

Angola Polizeikommando
Comando da Polícia de LuandaFoto: DW

Os trabalhadores da ENP estão sem salários há 56 meses e, com o apoio da CGSILA, agendaram para sábado uma marcha para "exigir o pagamento" dos seus ordenados.

"Cinquenta e seis meses sem salários é muito tempo e isso até é desumano. Daí que vamos realizar no sábado, 28 de julho, uma marcha pacífica para manifestar o nosso desagrado e pedir às autoridades que olhem para a nossa situação", disse na quarta-feira o primeiro secretário da comissão sindical da empresa, Mateus Alberto Muanza.

Porém, o secretário-geral da Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola disse hoje estar "indignado" com a postura das autoridades da capital do país, porque o órgão sindical "acautelou todos os pressupostos legais".

"Cumprimos todos os pressupostos previstos na lei, fizemos a carta, mas infelizmente é-nos dada esta resposta, quando inicialmente a polícia nos garantiu que teríamos de apenas acertar o percurso", apontou.

Lutar pela manifestação

Angola Luanda Protest gegen Arbeitslosigkeit
Protesto no dia 21 de julho, em Luanda, contra o desemprego em AngolaFoto: DW/M. Luamba

Ainda assim, assegurou Francisco Jacinto, a central sindical vai remeter, segunda-feira, um outro documento ao Governo provincial a solicitar a realização da marcha, ameaçando que, se voltar a ser impedida, recorrerá ao tribunal.

"Os trabalhadores estão de facto a sentir-se prejudicados, estão em desacordo com as atitudes do próprio Governo, que é o dono da empresa. Os trabalhadores querem manifestar o seu repúdio e têm de deixá-los manifestar-se sem artimanhas", defendeu.

A direção da empresa estatal angolana suspendeu, em maio último, 82 trabalhadores, mais de 70 em idade de reforma, e toda a comissão sindical, conforme denunciou na ocasião o sindicato.

Em declarações recentes à imprensa, o diretor-geral da ENPA, José Henriques, confirmou a suspensão dos 82 trabalhadores, justificando a necessidade de rentabilizar a empresa, fruto de uma parceria com o consórcio formado por três empresas de Angola e da China. 

"É um processo que tem o aval do Ministério da Construção e Obras Públicas e corre o seu curso normal", explicou.