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Leste do Congo é um barril de pólvora, alerta a ONU

Bertolaso-Krippahl, Cristina1 de março de 2013

A situação no Leste do Congo pode deteriorar-se a qualquer altura, alerta a ONU. As negociações entre o Governo e os rebeldes do M23 ainda não produziram resultados. Também os rebeldes começaram a combater entre si.

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O M23 no Leste do Congo está a perder influência. Na quarta-feira (27.02.2013), o líder político Jean-Marie Runiga foi destituído. Isso levou a confrontos violentos entre os seus adeptos e os do novo chefe, Sultani Makenga, que resultarem em muitas mortes.

Mas o M23 ainda é relevante, avisa Thierry Vircoulon, do instituto de pesquisa International Crisis Group. Segundo o especialista, esta tratar-se-ia apenas de uma luta interna pelo poder, na qual uma ala tenta assumir o comando sobre a outra. "É possível que a luta interna enfraqueça o M23", refere, mas o movimento "não vai desaparecer."

Quem ficou a ganhar foi o Governo de Kinshasa, que aproveitou a situação turbulenta do M23 para armar outras milícias na região, de modo a prestarem assistência aos soldados governamentais que não conseguem controlar o terreno. Isto apesar de Kinshasa muito recentemente ter assinado um acordo de paz, juntamente com outros dez Estados da região.

Acordo insuficiente

Neste acordo, o executivo comprometeu-se a proceder a reformas. E os Estados signatários prometeram não se intrometer nos assuntos internos dos outros países. Este parágrafo foi incluído por causa do Ruanda: o pequeno país vizinho do Congo é acusado pelas Nações Unidas de apoiar militarmente os rebeldes do M23.

Observadores consideram que o acordo de paz teve pouco efeito. Martin Doevenspeck, especialista em pesquisa de conflito da Universidade alemã de Bayreuth, diz ser a favor de soluções africanas para problemas africanos. No entanto, a situação no Congo é diferente:

"Neste caso é evidente que não temos uma solução congolesa para o problema congolês, mas um acordo com vários países. Só que o M23 nem sequer participou das negociações. Ou seja, para os chefes como Bosco Ntaganda ou Makenga, não existe a opção de desistir. O que é que iriam fazer no futuro? Não vão decerto ser integrados no exército. Estão entre a espada e a parede", afirma Doevenspeck.

Intervenção militar

É certo que desde a conquista de Goma foram encetadas negociações entre o M23 e o governo de Kinshasa em Kampala, capital do Uganda. Mas estas conversações não estão a produzir resultados.

Por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) adverte contra o perigo de um conflito de grande envergadura. Este é o motivo, aliás, pelo qual pressionam para o envio de uma força de intervenção rápida no âmbito da missão de paz da ONU, a Monusco.

Até agora, os seus 19 mil capacetes azuis só podem recorrer a armas para autodefesa. Em novembro, a missão de intervenção não conseguiu impedir a conquista da capital de província, Goma, pelo M23.

Thierry Vircoulon, do International Crisis Group, oferece uma explicação para a postura da ONU: "É evidentemente a reação à derrota infligida pelos rebeldes em Goma. Na altura, as Nações Unidas foram muito criticadas. Daí agora esta ideia de um tropa de intervenção militar, para além dos capacetes azuis da Índia e do Paquistão, estacionados na província de Kivu há dez anos. Estas novas tropas serão africanas, decerto da África do Sul e da Tanzânia."

Autora: Katrin Matthaei / Cristina Krippahl
Edição: Guilherme Correia da Silva / Helena Ferro de Gouveia