Líderes na Somália iniciam conversações eleitorais
22 de maio de 2021As tensões políticas na Somália aumentaram após o Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed ter prolongado no mês passado, por dois anos, o seu mandato - que tinha expirado a 8 de fevereiro. Dias após essa decisão, a violência irrompeu na capital desta nação do Corno de África, enquanto as forças governamentais se chocavam com grupos pró-oposição que assumiram brevemente o controlo de partes da cidade.
Numa tentativa de desanuviar a agitação, o Presidente, mais conhecido pelo seu apelido Farmajo, encarregou no início deste mês o primeiro-ministro Mohamed Hussein Roble de estender a mão a rivais para realizar conversações enquanto concordava em realizar as presidenciais e legislativas.
As conversações, que inicialmente deveriam ter começado na quinta-feira (20.05), iniciaram-se finalmente neste sábado (22.05) quando o primeiro-ministro Roble se encontrou com os líderes dos cinco estados semi-autónomos da Somália e o presidente da câmara de Mogadíscio, numa instalação montada no aeroporto da cidade.
"Segurança apertada"
Fontes oficiais presentes na reunião disseram que as conversações foram iniciadas em meio a um forte esquema de segurança, com a Missão da União Africana para a Somália (AMISOM), de manutenção da paz, e a polícia local destacadas em força.
"A conferência consultiva nacional sobre as eleições entre o Governo Federal e os Estados Membros Federais iniciou-se hoje", disse o porta-voz do Governo, Mohamed Ibrahim Moalimu, numa declaração. "Todos os líderes que irão participar estão agora presentes e o primeiro-ministro está a presidir à conferência", acrescentou.
As conversações significam agora que primeiro serão abordadas as fontes de tensão em curso, incluindo a composição da comissão eleitoral e a segurança do escrutínio, disseram fontes oficiais à agência de notícias AFP.
Apenas depois disso será decidida a "finalização" da logística eleitoral, incluindo uma data real, acrescentaram, sem qualquer indicação de quanto tempo durarão as conversações.
Farmajo
A chegada de Farmajo ao poder como Presidente em 2017 foi vista como um sinal de esperança, muitos considerando-o empenhado no combate à corrupção e ao grupo extremista Al-Shabaab, ligado à Al-Qaeda, que tem tentado derrubar o Governo federal desde 2007.
A decisão de prolongar o seu mandato foi, contudo, entendida como um meio de reforçar a sua própria base de poder, enquanto o seu mandaro não teve progressos no combate ao Al-Shabaab.
Farmajo fez um acordo com os estados federais em setembro passado que abriu o caminho para eleições indiretas antes do fim do seu mandato de Governo.
Mas o acordo entrou em colapso quando ele os líderes de dois estados, Puntland e Jubaland, discutiram os termos antes. Sob pressão nacional e internacional, Farmajo concordou em voltar aos termos do acordo de setembro.
Os analistas advertem que, após seis meses de conversações apoiadas pela ONU, não conseguiram salvar o acordo anteriormente, e o impasse poderia deteriorar-se na ausência de pressão externa.
Atualmente, o Governo controla apenas uma pequena parte do território nacional com o apoio de cerca de 20 mil tropas da AMISOM