1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Líbia: Mídia alemã destaca conquista de Trípoli pelos rebeldes

26 de agosto de 2011

Temas africanos na Alemanha: jornais alemães relataram esta semana sobre a situação na Líbia; término do avanço dos rebeldes, combates na capital Trípoli, tomada do quartel general de Kadhafi.

https://p.dw.com/p/RiOF
Jornais alemãesFoto: dpa

Para o Süddeutsche Zeitung, de qualquer forma "o futuro de Kadhafi, regime mais vaidoso dos ditadores árabes, parece selado. Depois de 42 anos de um poder narcísico, os líbios têm agora a possibilidade de construir uma sociedade que poderá ser um modelo para o mundo árabe".

Porém o jornal interroga-se sobre a real situação quando a vitória for definitiva para os rebeldes. Nacionalistas, democratas, islamitas e chefes tribais irão permanecer unidos? Nem os próprios líbios e a comunidade internacional sabem o que esperar dos dirigentes da rebelião.

Die Zeit

O semanário Die Zeit destaca que, apesar de todas as advertências, a intervenção na Líbia foi coroada de sucesso e não colocou o mundo árabe contra o Ocidente.

O jornal acrescenta "que os ocidentais irão agora intervir em todas as regiões do mundo com o objetivo de derrubar tiranos ou ajudar no seu afastamento do poder. Mas depois do fim de Kadhafi, os ditadores e assassinos irão se sentir menos seguros. Não poderão excluir a hipótese de bombardeamentos aéreos se, um dia, forem longe de mais". Esta ameaça de um "talvez" é um passo importante na direção de uma ordem mundial civilizada, coloca o jornal.

Bürgerkrieg in Lybien
Celebração em Trípoli contra Muammar KadhafiFoto: dapd

Die Zeit volta a escrever sobre o que considera ser o "fracasso da política alemã no dossiê líbio". As guerras, escreveu, são horríveis e o profundo pacifismo emocional dos alemães é mais compreensível, com base na história do nosso país, publica. "Porém existem momentos em que o governo não tem o direito de, simplesmente, seguir a tendência mais popular, mesmo que seja moralmente respeitável". Outro editorial do Die Zeit fala numa "vergonha para a Alemanha".

Tagesspiegel

O Tagesspiegel de Berlim denuncia os erros de Guido Westerwelle, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha. Somente uma catástrofe na Líbia e a explosão de toda a região teriam dado razão ao governo alemão no seu argumento de ir contra a intervenção da NATO – a Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Tageszeitung

O Tageszeitung permanece fiel à sua linha e escreve que "a abstenção da Alemanha durante a votação no Conselho de Segurança da ONU, em março, foi justa". Mas o cotidiano destaca nesta sexta-feira (26/08): "é deplorável que Guido Westerwelle diga que as sanções econômicas alemãs vergaram Kadhafi".

O jornal mostra interesse por uma especificidade líbia que suscita muitas interrogações junto dos Ocidentais: a questão da estrutura tribal do país. Em entrevista cim o jornal, o especialista sobre a Líbia, Thomas Hüsken, diz "que o leque de opiniões políticas no seio dessas tribos é relativamente grande. Existem advogados ou médicos que vivem, ou viveram, no estrangeiro e que têm um visão política completamente diferente dos políticos que permaneceram no seio da comunidade local e portanto, mais conservadores".

Uma tribo, sublinha Thomas Hüsken, não é um ator coletivo com estruturas de comando autoritários. A autonomia do beduíno permanece um valor cultural central. Os chefes tribais não são contra o Estado, mas "reivindicam a nível local e regional uma grande autonomia e não querem ser dominados por um Estado autoritário".

Bürgerkrieg in Lybien
Guerra civil na Líbia deixa suas marcasFoto: dapd

Para Thomas Hüsken, o perigo de conflito, ou, no mínimo, de tensões, deve ser procurado no seio da "elite política tribal" mais conservadora, os intelectuais das cidades e, principalmente, a juventude revolucionária que fornece a maioria dos combatentes. Em resumo, "um conflito de gerações", conclui o jornal.

Autor: António Rocha
Edição: Bettina Riffel